Em meio a tensões na Caxemira, China pede à Índia que unam forças contra EUA

Os EUA procuram criar uma "coalizão" contra a China, pelo que Pequim sugere a Nova Deli que se crie uma aliança contra a "hegemonia" de Washington.
Sputnik

Nova Deli devia se unir com Pequim para "firmemente" promover a democratização e a legalização das relações internacionais, declarou na segunda-feira (27) Ji Rong, porta-voz da embaixada chinesa na Índia, em meio às tensões fronteiriças na região norte de Ladakh. Ji afirma que a Índia é uma economia emergente e, como tal, adere à independência estratégica.

"China e Índia deveriam se opor resolutamente a qualquer ato de reverter a roda da história, resistir firmemente à hegemonia e à política de poder", sustentou o porta-voz chinês na segunda-feira (27) em uma série de tweets, mencionando que Pequim está empenhada em encontrar um novo caminho de desenvolvimento pacífico.

A declaração ocorre em meio a nível crescente de cooperação Índia-EUA, incluindo exercícios navais perto do ponto de obstrução do estreito de Malaca, uma linha de navegação na região do oceano Índico através da qual passam 80% das importações de energia da China.

A China sempre foi uma defensora da ordem e uma praticante da equidade e justiça internacionais. Em vez de buscar hegemonia quando se fortalece, a China está firmemente comprometida em encontrar um novo caminho de desenvolvimento pacífico e cooperação com outros países que seja vantajoso para todos.

"Alguns políticos norte-americanos sempre veem a China com mentalidade de Guerra Fria, instigando a contenção, o confronto ideológico e o grupo anti-China. Os EUA continuaram se afastando de tratados e organizações internacionais e aplicaram seletivamente o direito internacional. A comunidade internacional sabe quem é o verdadeiro causador de problemas e ameaça", acrescentou Ji.

Tensões recentes sino-americanas

Na semana passada, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, durante uma coletiva de imprensa em Londres, anunciou as aspirações da administração Trump de construir uma coalizão de países que levaria a China a mudar seu comportamento político.

"Trabalharemos coletivamente para convencer o Partido Comunista chinês de que não é do interesse de todos se engajar nesse tipo de comportamento", disse Pompeo em 20 de julho, referindo-se ao alegado mercantilismo econômico e político praticado por Pequim.

Entretanto, o ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, sugeriu que os EUA fossem além das meras alianças, aconselhando que a administração Trump aprendesse a trabalhar em um mundo multilateral.

"Acho que os EUA realmente têm que aprender a trabalhar com um mundo mais multipolar com mais acordos plurilaterais, ir além da aliança com a qual cresceram nas duas últimas gerações", ponderou Jaishankar na quarta-feira (22) em uma conferência virtual organizada pelo Conselho de Negócios EUA-Índia, relatada pelo jornal The Times of India.

Pequim e Nova Deli ainda estão negociando a retirada de tropas na zona fronteiriça ao longo da Linha de Controle Real (LAC, na sigla em inglês), de 4.057 quilômetros, nos Himalaias.

Comentar