Quase metade de moradores de vila na Áustria desenvolveu anticorpos para COVID-19, revela estudo

No início de março, uma famosa estância de esqui na Áustria foi importante foco de propagação do coronavírus na Europa. Segundo estudo, metade dos habitantes desenvolveu anticorpos do SARS-CoV-2.
Sputnik

Com cerca de 400 hotéis, a estância Ischgl é famosa por suas festas extravagantes, incluindo concertos de estrelas pop internacionais e música tradicional alemã, que reúnem até 25.000 pessoas.

Foi a partir dessa estância de esqui que o novo coronavírus teria se espalhado pela Europa, levado por turistas, sobretudo para a Alemanha, Islândia, Noruega, Dinamarca e Reino Unido. Esse fato tem merecido a atenção da comunidade científica.

Em estudo divulgado esta quinta-feira (25), cientistas da Universidade de Medicina de Innsbruck (Áustria) determinaram que 42,4% da população de Ischgl desenvolveu imunidade ao novo coronavírus SARS-CoV-2.

Cerca de 79% da população local aceitou participar do referido estudo, incluindo crianças. Os pesquisadores coletaram amostras de sangue de 1.473 pessoas durante uma semana, de 21 a 27 de abril.

Quase metade de moradores de vila na Áustria desenvolveu anticorpos para COVID-19, revela estudo

O número daqueles que desenvolveram anticorpos, que surgem somente após a infecção, foi seis vezes maior do que aqueles que haviam testado positivo para o vírus.

O estudo também se concentrou na segurança de aplicação dos procedimentos de teste para a detecção de anticorpos. Estas moléculas proteicas, as chamadas imunoglobulinas, são formadas pelo sistema imunológico para combater vírus e outras substâncias estranhas.

"Para poder detectar as imunoglobulinas IgA e IgG específicas do SARS-CoV-2 no sangue, estabelecemos um procedimento em três etapas com sensibilidade máxima e praticamente 100% de exatidão", afirmou a autora principal, Dorothee von Laer.

"Acreditamos que eventos [com muito público] como os que aconteceram em bares depois do esqui, contribuíram significativamente para a transmissão generalizada", acrescentou.

O estudo relata que a maioria das pessoas sintomáticas sofreu alterações do paladar e olfato, seguidas de febre e tosse. Enquanto isso, as crianças que contraíram o vírus foram em sua maioria assintomáticas, tendo apenas nove adultos sido hospitalizados.

"Em Ischgl estamos lidando com a maior seroprevalência já demonstrada em um estudo. Mesmo que isso não signifique que a imunidade de rebanho tenha sido alcançada, a população de Ischgl deve estar protegida em grande parte", observou von Laer.

Mas, mesmo que a imunidade de grupo tenha sido realmente atingida, os especialistas alertam que a duração da proteção para os portadores de anticorpos é ainda desconhecida.

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