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Número de casos da COVID-19 no Brasil certamente é maior do que o notificado, diz infectologista

Nesta segunda-feira (22) a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que é bem provável que o Brasil tenha mais casos da COVID-19 do que o notificado.
Sputnik

A declaração foi dada pelo diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, durante coletiva de imprensa.

"Ainda há um número relativamente baixo de testes em relação à população. Esse alto número de casos não reflete testagem exaustiva, mas provavelmente subestima os números reais de casos", disse Ryan, citado pelo portal G1.

Em entrevista à Sputnik Brasil, o infectologista Paulo Santos, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), disse que a declaração da OMS é verdadeira.

"Analisando pelas formas de notificação de casos, esse número é muito maior. O total de pacientes que evoluíram com a COVID-19 no país certamente, não consigo quantificar, mas é maior do que esse número de um milhão de casos", afirmou.

Segundo Santos, a subnotificação se deve ao fato de que muitas pessoas que sentem os sintomas, mas de forma leve, tendem a não procurar os postos de saúde e acabam não sendo testadas.

"Nós temos uma enormidade de pacientes que desenvolvem sintomas e não procuram as unidades de saúde, pacientes que estão sintomáticos, mas que não evoluem com sinais de gravidade, não tem nada que necessite da assistência hospitalar, ele acaba não procurando os serviços de saúde, consequentemente ele não é computado também no histórico e na conta do Ministério da Saúde", explicou.

Além disso, o infectologista disse que seria interessante o Brasil testar mais a população.

"Quanto a testagem, de fato seria interessante que o Brasil adotasse uma testagem em volume maior do que é hoje. Alguns centros estão conseguindo fazer um volume bom, melhor de testes, mas no início da pandemia nós tivemos inclusive o problema da disponibilidade desses testes em nível mundial. É fato que pacientes que não são testados em momento nenhum acabam ficando de fora dessa conta", comentou.

Apesar da subnotificação, Paulo Santos diz que o número de casos registrados no Brasil, se colocados em perspectiva, não é tão grave quanto parece.

"Nós temos que tomar cuidado com essa conta, porque precisamos levar em consideração o tamanho de uma população, o Brasil tem mais de 200 milhões de pessoas, se nós olharmos a região metropolitana do Rio de Janeiro nós temos seis milhões de pessoas, em se falando em termos de população total do país não é um número expressivo", completou.

Até esta terça-feira (23), o Ministério da Saúde havia contabilizado 1.145.906 casos confirmados da COVID-19 no país e 52.645 óbitos.

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