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Livro de Bolton mostra 'insignificância extraordinária' do Brasil para o governo Trump, diz analista

Em livro que será lançado nesta terça-feira (23), o ex-conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, menciona o Brasil apenas 11 vezes, a maior parte delas no capítulo sobre a Venezuela.
Sputnik

Segundo uma reportagem do jornal O Globo, que teve acesso ao livro "The Room where it happened" (A sala onde tudo aconteceu, em tradução livre), o Brasil é citado apenas em um papel coadjuvante.

Em entrevista à Sputnik Brasil, Pedro Costa Júnior, professor de Relações Internacionais Contemporâneas da Faculdade de Campinas (Facamp), especialista nas relações Brasil-Estados Unidos, diz que é importante frisar de antemão que esse livro não deve ser tomado como verdade absoluta.

"Importante entender que esse livro é a visão dele [John Bolton]. É um livro que tem que ser visto desse ponto de vista. Portanto, ele é um livro que também traz um certo grau de desconfiança, como disse o Mike Pompeo, um braço direito de Donald Trump, é um livro de traição", disse.

No entanto, Pedro Costa Júnior destaca a maneira como os Estados Unidos tratam seus aliados mais subservientes.

"O Brasil se colocando em uma relação de submissão completa, eu diria mesmo de vassalagem, e como é da tradição da política externa americana, o governo norte-americano se propõe a um completo desprezo com relação a essas suas posições e o governo Trump acentua essas posições da política norte-americana", afirmou.

O professor da Facamp disse que fica evidente o desprezo dos Estados Unidos com o governo de Jair Bolsonaro.

"É isso que nós vemos claramente no vasto relato publicado pelo Bolton, onde o governo brasileiro tem uma insignificância extraordinária para esse atual governo Trump, mesmo com o grande esforço de Jair Bolsonaro em agradar o governo do presidente Trump", afirmou.

Pedro Costa Júnior diz que o livro de Bolton mostra que o interesse no governo de Jair Bolsonaro por parte dos Estados Unidos estava ligado diretamente a Venezuela.

"O interesse dos Estados Unidos com relação a esse governo sempre esteve ligado a questão da Venezuela, que é uma questão muito mais sensível para os Estados Unidos no atual quadro geopolítico. E aí o Brasil pelo tamanho, pelo peso, pela fronteira, teria um papel crucial e esse governo poderia facilitar as coisas. O que me parece é isso, que o Bolton teve essa visão", completou.

Após a vitória nas eleições, mas antes de assumir o cargo de presidente, Jair Bolsonaro esteve reunido com John Bolton em sua casa no condomínio Vivendas da Barra, na zona oeste do Rio de Janeiro. O ex-assessor chegou a inclusive ser recebido com continência pelo atual presidente.

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