Rios 'invisíveis' cercam toda a costa australiana, descobrem cientistas

A dimensão dos rios excede dez mil quilômetros, encontrados após pesquisas que duraram mais de uma década. O fenômeno varia de acordo com a estação do ano, segundo pesquisa.
Sputnik

A Austrália tem um sistema de rios submarinos ocultos ao largo da plataforma continental que é provavelmente o maior do mundo, relata o portal Science Alert.

"Esta é a descoberta mais significativa para a oceanografia costeira nas últimas décadas, não apenas na Austrália, mas globalmente", disse o oceanógrafo Chari Pattiaratchi, da Universidade da Austrália Ocidental. O processo foi estudado anteriormente, mas ninguém conhecia a verdadeira dimensão do fenômeno em volta do continente.

A rede de rios submarinos, que os cientistas chamam de Plataforma de Água de Cascata Densa (DSWC, na sigla em inglês), envolve uma área de mais de dez mil quilômetros, formada por uma evaporação da água costeira no verão australiano (entre dezembro e fevereiro) e redução de água doce. Quando a temperatura desce, a água se afunda ainda mais, e a gravidade cria um rio subaquático no fundo do oceano.

A pesquisa, publicada na revista Scientific Reports, consistiu em observações subaquáticas realizadas por submersíveis da universidade entre 2008 e 2019. O fenômeno é variável sazonalmente, com um pico no inverno australiano, entre junho e agosto, segundo os estudos.

"Este trabalho foi o resultado de um enorme conjunto de dados coletados com planadores oceânicos [...] ao longo de mais de uma década [...] equivalente a passar mais de 2.500 dias no mar", explica Tanziha Mahjabin, líder do projeto e oceanógrafa física.

A equipe ressaltou a importância da interação biológica entre a superfície australiana e o oceano mais profundo.

"O oceano costeiro é a bacia receptora de matéria suspensa e dissolvida que inclui nutrientes, material vegetal e animal e poluentes e representa um importante componente do ambiente oceânico, ligando a terra ao oceano mais profundo", explicou o coautor e oceanógrafo Yasha Hetzel.

"Concentrações mais elevadas de clorofila e material em suspensão juntamente com correntes marítimas direcionadas demonstram que as DSWC podem ter uma grande influência no transporte cruzado ao longo das linhas costeiras que se estendem por mais de dez mil quilômetros", dizem os pesquisadores.

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