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Especulação em torno da Embraer mostra que empresa precisa ser protegida, diz especialista

Com a desistência da compra Embraer pela Boeing, diversas empresas do mundo teriam demonstrado interesse no negócio. Para discutir o assunto, a Sputnik Brasil ouviu o economista Marcos José Barbieri Ferreira, que afirmou que o governo do Brasil precisa agir para proteger a empresa brasileira.
Sputnik

Ao longo da semana passada, circularam especulações de que empresas como a chinesa Comac, a russa Irkut e também uma empresa indiana do setor de aviação estariam rondando a Embraer após o rompimento do acordo de venda para a Boeing. Os rumores chegaram a impulsionar as ações da empresa brasileira na Bolsa de Valores na sexta-feira (29), quando os papéis da Embraer se valorizaram em mais de 15%, mesmo em um momento de crise.

Para o economista e professor da Unicamp, Marcos José Barbieri Ferreira, especialista em aviação comercial e Defesa, uma eventual manifestação de interesse na Embraer seria esperado devido ao sucesso da empresa.

"É uma empresa que procurou avançar, uma empresa que conquistou uma grande competência tecnológica e que se inseriu de maneira muito competitiva no mercado internacional", explica o economista em entrevista à Sputnik Brasil.

A Embraer é uma das empresas de aviação mais importantes do mundo e tem atuação destacada no setor de aviação civil com aviões de porte médio, sendo a terceira maior exportadora de aviões comerciais no planeta, conforme aponta o professor Barbieri.

A empresa também tem atuação no setor militar, a exemplo do avião KC-390, um cargueiro tido como capaz de competir no mercado internacional com as principais empresas de aviação do mundo.

"Essa conquista que a Embraer teve juntamente com a atuação dela diversificada na área de Defesa, na área de jatos executivos, faz com que a empresa desperte um grande interesse em âmbito mundial", avalia o especialista em aviação comercial e Defesa.

As especulações em torno da Embraer apontam que haveria interesses vindo principalmente de empresas de países dos BRICS. O economista Marcos Barbieri Ferreira explica as possíveis razões do suposto interesse.

"A Embraer tem uma competência na área de aviação comercial muito superior a qualquer uma dessas empresas. A competência que a Embraer teve de estruturar um modelo de negócios exitoso na área comercial, também a competência que a Embraer vem demonstrando na área de aviação executiva, é muito superior à de qualquer uma das empresas aeronáuticas dos demais países que compõem o BRICS", afirma.
Especulação em torno da Embraer mostra que empresa precisa ser protegida, diz especialista

Especulação mostra que Embraer precisa de proteção

O professor da Unicamp ressalta que as empresas de aviação da Rússia e da China mantêm uma tradição na área de Defesa, mas do ponto de vista da aviação civil, a Embraer está "muito à frente dessas empresas". O economista, no entanto, ressalta que o possível interesse estrangeiro por enquanto não passa de especulação.

"Esse interesse dessas empresas, que está sendo noticiado, é muito mais no âmbito especulativo do que no âmbito de uma ação concreta por parte dessas empresas", diz.
Especulação em torno da Embraer mostra que empresa precisa ser protegida, diz especialista

O professor explica que a especulação em torno da empresa é fruto do negócio que fracassou com a Boeing. Para ele, a Embraer sinalizou ao mercado a intenção de venda, o que somado ao avanço da crise econômica internacional em meio à pandemia da COVID-19, alimenta uma possível crença de que a empresa ainda pretende vender parte de seus negócios.

"Nesse sentido é fundamental que a empresa brasileira se coloque perante o mercado mundial, com o apoio e suporte do governo brasileiro, afastando qualquer possibilidade de uma nova operação desse tipo [venda para a Boeing], que era o desmonte da empresa brasileira", avalia o especialista.

O economista acrescenta que em sua opinião o negócio com a Boeing representaria "praticamente a extinção" da Embraer e que a possibilidade de negócio semelhante deve ser afastada. O professor, porém, não descarta a importância de parcerias para o desenvolvimento da empresa.

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