Galáxia em forma de disco pode 'virar do avesso' nosso conhecimento sobre formação do Universo

A galáxia em questão recebeu o nome do astrofísico Arthur Wolfe, que foi um dos primeiros a sugerir que galáxias em forma de disco existiam desde o princípio do Universo.
Sputnik

A descoberta de uma enorme galáxia em forma de disco, provavelmente a mais antiga encontrada até agora, pode desafiar a concepção existente sobre como as galáxias nascem e como elas atingem sua forma e dimensões, relata a edição ScienceDaily.

As galáxias em forma de disco como a nossa, a Via Láctea, aparentemente atingiram suas atuais dimensões bilhões de anos após o Big Bang (que se acredita ter ocorrido há cerca de 13,8 bilhões de anos), mas um novo estudo sugere que a galáxia em questão, a DLA0817g (também conhecida como Disco Wolfe), se formou muito mais cedo, apenas 1,5 bilhão de anos após o Big Bang, nota a fonte.

"Embora estudos anteriores tenham sugerido a existência dessas primeiras galáxias de disco ricas em gás em rotação, graças ao ALMA [telescópio no Chile] temos agora evidências inequívocas de que elas existiam já 1,5 bilhão de anos após o Big Bang", disse Marcel Neeleman, do Instituto Max Planck de Astronomia, Alemanha, e autor principal do estudo.

Esta descoberta poderia desafiar muitas simulações de formação de galáxias existentes, que postulam que tais galáxias maciças "neste ponto da evolução do cosmos se desenvolveram através de muitas fusões de galáxias menores e amontoados quentes de gás".

"A maioria das galáxias que encontramos no início do Universo parecem destroços de trens, porque elas passaram por uma fusão consistente e frequentemente 'violenta'", disse Neeleman. "Essas fusões quentes dificultam a formação de discos rotativos bem ordenados e frios como [os que] observamos em nosso Universo atual".

A galáxia recebeu o nome do astrofísico Arthur Wolfe, que faleceu em 2014 e que "foi um dos primeiros a sugerir que as galáxias de disco existiam na infância do Universo", aponta o portal Science News.

"Ele estava certo, pelo menos parcialmente", disse Xavier Prochaska, da Universidade da Califórnia, EUA, coautor do novo estudo e ex-aluno de Wolfe. "Ele merece ser reconhecido por ter plantado aquela bandeira contra todo o conhecimento convencional".

Comentar