Pandemia desafia capacidade global de armazenar petróleo

A demanda global por petróleo atingiu um recorde negativo em 2020, conforme o uso pela indústria diminuiu fortemente devido à pandemia do coronavírus.
Sputnik

O excesso da oferta de petróleo provocou uma forte desvalorização do hidrocarboneto, o que resultou em uma gasolina muito mais barata.

A Agência Internacional de Energia afirmou nesta quinta-feira (14) que a demanda por petróleo caiu em 8,6 milhões de barris por dia, levando a forte desvalorização atual. Por este motivo, dezenas de petroleiros carregados estão ancorados perto das costas da Irlanda, Singapura, EUA e outros países.

Henry Berry, diretor-geral da TriStone Holdings, que investe em poços de petróleo no estado norte-americano de Kansas, afirmou em entrevista à Sputnik Internacional que havia uma capacidade de armazenamento global estimada de sete bilhões de barris de petróleo, e que esta, segundo Berry, estava em 60% da capacidade no meio de abril.

"Se o atual panorama causado pelo coronavírus persistir indefinidamente, então sim, chegaria um ponto onde não haveria onde armazenar petróleo", afirmou Berry.

Porém, segundo o diretor, países como China, Itália e Coreia do Sul relataram ter superado a fase crítica da pandemia. Portanto, seus governos estariam lentamente revertendo as medidas do confinamento.

Além disso, países como Rússia e Arábia Saudita acordaram em diminuir a produção do hidrocarboneto. Estas medidas levaram a uma diminuição da oferta.

A forte redução da demanda atingiu fortemente uma indústria que já presenciou uma forte perda de clientes, uma vez que energias renováveis têm ganhado cada vez mais espaço no quadro energético mundial.

Pandemia desafia capacidade global de armazenar petróleo

A demanda por veículos elétricos e híbridos tem crescido e várias montadoras planejam substituir os carros movidos a gasolina e diesel.

Contudo, enquanto grandes companhias de hidrocarbonetos podiam observar a necessidade de alterar seus planos a médio e longo prazo, poucas estavam prontas para uma mudança tão brusca a curto prazo.

A longo prazo, Berry afirma que a mudança para energias renováveis pode ser impossível para os países mais pobres.

"A conversão para energias eólica, solar e hídrica seria cara e os custos [...] provavelmente serão repassados aos consumidores. De certa forma, a prática está afastada da realidade. Petróleo e gás ainda serão requeridos por um bom período", concluiu o diretor.

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