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Novo ministro da Saúde recebe uma 'batata quente' de Bolsonaro, diz médico

A troca da chefia na pasta da Saúde foi uma medida precipitada de Bolsonaro, afirmou o médico clinico e economista David Zylbergeld Neto nesta sexta-feira (17).
Sputnik

Nesta sexta-feira (17), o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, toma posse em Brasília. Após sua nomeação, Teich declarou que não haverá "definição brusca" em relação às medidas de isolamento social. O oncologista e empresário foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (16).

Para David Zylbergeld Neto, especialista em Medicina Clínica e MBA em Economia e Gestão de Saúde (UNIFESP), o novo ministro tem competência para assumir o cargo, mas considerou a mudança na chefia da Saúde de "intempestiva, indevida e totalmente fora de hora".

"Sei que ele [Teich] tem uma carreira brilhante como médico oncologista, tem vários títulos adquiridos no exterior. Não tenho menor dúvida, sei que ele é um profissional muito respeitado no Rio de Janeiro", disse o especialista para Sputnik Brasil.

"Mas ele pegou uma batata quente, pois dada a qualidade dele, não tenho menor dúvida que ele vai fazer exatamente aquilo que [Luiz Henrique] Mandetta estava fazendo, porque essa é a regra do jogo, seguir fielmente os postulados orientados pela Organização Mundial da Saúde e da comunidade médico-científica nacional e internacional", acrescentou Zylbergeld Neto.

O clínico acrescentou que nada se sabe ainda sobre a doença COVID-19, além do fato dela "ser avassaladora" e que somente o isolamento social pode conter a pandemia. Portanto, do ponto de vista técnico, não havia motivos para troca da liderança de um setor vital em tempos de crise. O ministro Mandetta estava fazendo um bom trabalho, seguindo "todos os padrões protocolares da Organização Mundial da Saúde (OMS)", e contava com amplo apoio da comunidade médico-científica do mundo inteiro e do Brasil.

David Zylbergeld Neto destaca que, ao aceitar o cargo, Nelson Teich declarou que não pretende "mudar nada e que com o tempo vai flexibilizar, de forma gradativa, o isolamento social, exatamente como o ministro Mandetta falou".

"Por que a troca, se o doutor Nelson, que é um homem respeitado, um homem sério, um homem da ciência, vai fazer a mesma coisa que o ministro estava fazendo? Por que se trocou o ministro? Nós sabemos porque foi trocado. Mas aqui não cabe vaidade nem autoritarismos. Aqui o que vale é ter o cuidado com a população brasileira", alertou o médico.

Para Zylbergeld Neto, os números falam por si. Quanto mais rápido se abrir o isolamento social, maior será o número de pessoas infectadas.

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