COVID-19: distanciamento social pode se tornar o 'novo normal' até 2022, diz estudo

Um bloqueio único não interromperá o novo coronavírus e períodos repetidos de distanciamento social podem ser necessários até 2022 para impedir que os hospitais sejam sobrecarregados, disseram nesta terça-feira (14) os cientistas de Harvard.
Sputnik

O estudo, no qual os pesquisadores modelaram a trajetória da pandemia, ocorre quando os EUA entram no pico de sua carga de casos de COVID-19 e afirmam ter uma eventual flexibilização das medidas de bloqueio.

A simulação por computador da equipe de Harvard, publicada em um artigo na revista Science, supôs que a COVID-19 se tornasse sazonal, como coronavírus intimamente relacionados que causam o resfriado comum, com taxas de transmissão mais altas nos meses mais frios.

Mas muita coisa permanece desconhecida, incluindo o nível de imunidade adquirido por uma infecção anterior e quanto tempo dura, informaram os autores.

"Descobrimos que as medidas únicas de distanciamento social provavelmente são insuficientes para manter a incidência [da COVID-19] dentro dos limites da capacidade de cuidados intensivos nos EUA", disse o principal autor, Stephen Kissler, em uma ligação com repórteres.

"O que parece ser necessário na ausência de outros tipos de tratamentos são períodos intermitentes de distanciamento social", acrescentou.

Seriam necessários testes virais generalizados para determinar quando os limiares para reativar o distanciamento foram ultrapassados, disseram os autores.

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Desafios e soluções

A duração e a intensidade dos bloqueios podem ser relaxadas à medida que tratamentos e vacinas se tornam disponíveis. Porém, na ausência deles, o distanciamento dentro e depois daria aos hospitais tempo para aumentar a capacidade de tratamento crítico para atender ao aumento nos casos que ocorreriam quando as medidas fossem reduzidas.

"Intervenções adicionais, incluindo a expansão da capacidade de cuidados críticos e de terapia eficaz, melhorariam o sucesso do distanciamento intermitente e acelerariam a obtenção da imunidade de rebanho", afirmou o coautor Marc Lipsitch.

Por outro lado, muito distanciamento social sem trégua pode ser algo ruim. Sob um cenário modelado "o distanciamento social era tão eficaz que praticamente nenhuma imunidade populacional é construída", afirmou o estudo, daí a necessidade de uma abordagem intermitente.

Os autores reconheceram uma grande desvantagem em seu modelo: quão pouco sabemos atualmente sobre o quão forte é a imunidade de uma pessoa infectada anteriormente e quanto tempo ela dura.

Atualmente, as melhores suposições baseadas em coronavírus intimamente relacionados são que ele confere alguma imunidade por até cerca de um ano. Também pode haver alguma imunidade de proteção cruzada contra a COVID-19 se uma pessoa estiver infectada por um resfriado comum que causa coronavírus.

Uma coisa, porém, é quase certa: o vírus chegou para ficar. A equipe explicou que é altamente improvável que a imunidade seja forte o suficiente e durará o suficiente para que a COVID-19 desapareça após uma onda inicial, como foi o caso do surto de SARS de 2002-2003.

Os testes de anticorpos que acabaram de entrar no mercado e verificam se uma pessoa foi infectada anteriormente serão cruciais para responder a essas perguntas vitais sobre imunidade, argumentaram eles, e uma vacina continua sendo a melhor arma.

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