Margaret Thatcher se preparou para dupla ameaça durante Guerra das Malvinas, revela documento

Segundo um documento revelado pelo tabloide Express, o Reino Unido estaria enfrentando um ataque de outro país durante o período que antecedia a Guerra das Malvinas com a Argentina.
Sputnik

A Guerra das Malvinas, um conflito não declarado de 10 semanas entre a Argentina e o Reino Unido, eclodiu em abril de 1982 sobre dois territórios britânicos não incorporados no Atlântico Sul. Entretanto, parece que a ameaça argentina não era a única que Downing Street tinha que enfrentar na época.

Um arquivo do gabinete britânico, citado pelo tabloide Express, revelou que em um certo momento em 1982, o Reino Unido, encabeçado na época por Margaret Thatcher, estava à beira de lutar contra duas nações latino-americanas simultaneamente, Argentina, que estava em guerra pelas Ilhas Malvinas, e Guatemala, que havia reivindicado a antiga colônia britânica Belize.

Sem exército próprio, Belize contava com uma guarnição de 1.500 soldados britânicos, apoiada por um destacamento de seis jatos de decolagem e aterrissagem vertical Harrier da Força Aérea Real (RAF, na sigla em inglês) para deter qualquer agressão da Guatemala.

Era planejado que a guarnição fosse retirada em junho de 1982, pouco tempo depois de um golpe militar na nação latino-americana em março, que viu o general Rios Montt tomar o poder.

"A situação na Guatemala ainda não é clara, embora a junta pareça ter o controle total do país", escreveu o chanceler Francis Pym à premiê britânica em 9 de abril, sugerindo que "devemos concordar agora em adiar a data de retirada [da guarnição britânica] para 21 de setembro".

Invasão como possibilidade

Um relatório da embaixada britânica na capital venezuelana, Caracas, emitido em 14 de abril, acrescentou às preocupações de Londres na época. O texto sugeriu que era iminente uma invasão de Belize, citando a posição dura de Montt.

"Os venezuelanos tinham recebido informações de que o novo governo da Guatemala, que era bem visto pela Venezuela, estava pensando em avançar contra Belize", afirmava o relatório, alertando o governo britânico que se isso acontecesse, "a Venezuela seria obrigada a apoiá-los".

Dois dias depois, em uma reunião dos Chefes de Estado-Maior, Margaret Thatcher foi instruída pelo comando britânico a garantir que os militares pudessem reforçar a guarnição no caso de um ataque militar na Guatemala, ao mesmo tempo que conduzia operações contra os argentinos nas Malvinas.

Margaret Thatcher se preparou para dupla ameaça durante Guerra das Malvinas, revela documento

Esta última guerra não declarada entre o Reino Unido e a Argentina pelos territórios das Malvinas, a Geórgia do Sul e as Ilhas Sandwich do Sul, levou cerca de 650 mortos argentinos e 253 britânicos, e não resolveu a disputa: as Malvinas continuam sendo um obstáculo nas relações entre os países.

Thatcher escreveu ao primeiro-ministro de Belize, George Price, depois que o destróier HMS Sheffield foi atingido por um míssil Exocet na costa das Malvinas em maio de 1982. A premiê do Reino Unido disse-lhe que a guarnição britânica permaneceria lá por algum tempo, prometendo "observar de perto os desenvolvimentos com a Guatemala".

O Reino Unido só terminou a sua presença militar em Belize, que havia conquistado a independência em 1981, em 1994, com sua guarnição substituída por uma pequena unidade de treino do Exército britânico.

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