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Ameaçado de morte, Doria diz que Bolsonaro 'lava as mãos para crise' da COVID-19

O governador do estado de São Paulo, João Doria (PSDB), acusou o presidente Jair Bolsonaro de ter "lavado as mãos", e não no bom sentido, para a crise do novo coronavírus no Brasil. O recente embate acalorado entre os dois gerou uma ameaça de morte contra o tucano.
Sputnik

Aliado de Bolsonaro nas eleições passadas, Doria veio rompendo gradativamente com o ex-deputado federal ao longo do ano passado, com o ápice se dando com a atual crise da COVID-19, na qual São Paulo é o estado com mais vítimas infectadas (3 mil) e mortes registradas (77).

Nesta semana, Bolsonaro e Doria tiveram um forte embate durante uma videoconferência para tratar do coronavírus entre o Executivo federal e os governadores da região sudeste. Enquanto o tucano pediu que o presidente lidere os esforços, o mandatário atacou Doria por estar politizando a situação de olho nas eleições de 2022.

Em entrevista à agência AFP, Doria garantiu que não está "preocupado com capital político", mas sim com "salvar vidas". Sobre o que poderia ser feito pelo governo federal, o governador de São Paulo avaliou que há uma série de mecanismos que não estão sendo usados.

"O Brasil tem mecanismos, principalmente se o governo federal agir, para lançar um programa de gastos emergenciais que garanta uma renda mínima para que os brasileiros possam passar pelos próximos quatro meses [...] E mesmo que o governo federal falhe para agir, cada governador saberá como acelerar", disse Doria.

O tucano voltou a acusar Bolsonaro pela sua falta de liderança, deixando o ônus para governadores e prefeitos.

Ameaçado de morte, Doria diz que Bolsonaro 'lava as mãos para crise' da COVID-19

"O presidente lavou as mãos da crise e não está liderando o país [...] Mas essa falta de liderança foi preenchida por governadores e prefeitos que trabalharam duro para garantir que estão cuidando dos pobres, desempregados, pequenas empresas e trabalhadores do setor informal", garantiu.

O governador paulista ainda garantiu que os governadores estão unidos em manter as medidas de distanciamento social, refutando os pedidos feitos por Bolsonaro para que o isolamento seja rompido no país.

"Houve uma falta real de liderança. O presidente desistiu de liderar o país em um momento muito difícil [...] Ele diz que o coronavírus é uma 'gripezinha' e acusa os governadores de paralisar o país. Mas a grande maioria das pessoas entende a importância desse período [de isolamento], que pode durar até o final de julho", completou.

Ameaça de morte

A polarização entre Bolsonaro e Doria fez com que o governador de São Paulo recebesse uma ameaça de morte. Além disso, ele recebeu mensagens em seu celular que o alertavam sobre uma invasão contra a sua casa, de acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo.

A segurança do governador foi reforçada e Doria fez um boletim de ocorrência que será investigada pela Polícia Civil. Segundo a Folha, citando assessores do tucano, as ameaças teriam partido de um movimento bolsonarista, este liderado pelo filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC).

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