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É impossível Uruguai se reerguer sem ajuda do Brasil e Argentina, diz especialista

O político Luis Lacalle Pou tomou posse neste domingo (1º) como novo presidente do Uruguai.
Sputnik

Em discurso, Lacalle Pou defendeu o fortalecimento do Mercosul e a flexibilização para países fecharem acordos bilaterais.

"É preciso fortalecer o Mercosul e ao mesmo tempo flexibilizar o bloco para que o sócio possa firmar acordos bilaterais com outros países. Queremos terminar o processo de internalizar o tratado firmado pelo Uruguai e o Mercosul com a União Europeia", disse o presidente uruguaio, citado pelo jornal O Estado de S.Paulo.

Luis Lacalle Pou também pediu para que os países "deixem de lado as questões ideológicas" em prol de um Mercosul mais forte.

Em entrevista à Sputnik Brasil, Maurício Santoro, cientista político e professor de Relações Internacionais da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), disse que o raciocínio de Lacalle Pou faz sentido, já que o Uruguai dificilmente conseguirá melhorar sua economia sem depender de uma situação econômica boa de Brasil e Argentina.

"No caso uruguaio, com uma Argentina em uma situação econômica muito difícil e o Brasil ainda lutando para retomar o seu crescimento depois da recessão de 2015/2016, isso inevitavelmente afeta o Uruguai de um modo bastante duro. Em outras palavras, é impossível para o Uruguai se reerguer sozinho, ele precisa de uma melhoria da sua vizinhança e precisa também de uma mudança internacional mais ampla", disse.

Eleito em novembro de 2019 pelo Partido Nacional, de centro-direita, Lacalle Pou encerra o ciclo de governo da coalizão de esquerda Frente Ampla, com dois mandatos de Tabaré Vázquez e um de José Mujica.

Segundo Maurício Santoro, apesar de Lacalle Pou ter uma proximidade ideológica com Bolsonaro, o "momento atual aponta para uma série de dificuldades nas relações entre Uruguai e o Brasil".

"A primeira [das dificuldades] é uma crítica muito forte que o governo brasileiro tem feito ao Mercosul, inclusive mencionando a possibilidade de retirada do Brasil desse bloco regional. A segunda é um cenário econômico em que tanto a Argentina quanto o Brasil, os maiores parceiros econômicos do Uruguai, vivem momentos difíceis na sua economia e, provavelmente, com meses bastante duros pela frente em função dos impactos do coronavírus para a economia global", analisou.

Ao citar o cenário econômico internacional, Maurício Santoro falou sobre a queda nos preços das commodities e o impacto dessa desvalorização para a economia de todo o continente.

"Durante a década de 2000 e no início da década de 2010 houve uma demanda internacional muito grande pelos produtos mais exportados pela América Latina, no caso do Uruguai principalmente soja e carne. Esse momento acabou e pelo menos desde meados da década de 2010 o que a gente viu foi uma queda muito expressiva no valor dessas mercadorias com impactos muito ruins para as economias latino americanas", completou.

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