EUA e Europa não falam a mesma língua quando o assunto é China, diz analista

Altos funcionários dos EUA criticam duramente Pequim durante Conferência de Segurança de Munique. Após "blefe" sobre a Huawei, europeus estão cada vez mais descontentes com a postura dos EUA sobre a China, escreveu analista na Foreign Policy.
Sputnik

A Conferência de Segurança de Munique, realizada na semana passada na Alemanha, foi utilizada pelos norte-americanos como uma plataforma para criticar a China e atacar a empresa de telecomunicações Huawei.

Os ataques vieram de todos os lados. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse que a Huawei é um "cavalo de Troia" e que o Ocidente estava "ganhando a luta" contra a China. O secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, alertou que era "hora de acordar" para a ameaça chinesa.

A líder da oposição norte-americana no Congresso, a democrata Nancy Pelosi, se uniu ao coro dos republicanos e classificou a Huawei como uma "pérfida forma de agressão" chinesa.

Mas esses "alertas" teriam sido largamente ignorados pelos europeus durante a conferência, acredita o analista Noah Barkin. Para a revista norte-americana, os EUA e a Europa estão "falando línguas completamente diferentes" quando o assunto é China. A possibilidade de formar uma aliança transatlântica contra Pequim seria, neste contexto, "praticamente impossível".

A administração Trump teria deteriorado as relações com a Europa, ao tomar medidas como se retirar do Acordo de Paris sobre o Clima e do acordo nuclear iraniano. A retirada de tropas norte-americanas do nordeste da Síria sem alerta prévio aos aliados também teria contribuído para que os europeus não confiem "nem no que os EUA fazem nem no que falam".

EUA e Europa não falam a mesma língua quando o assunto é China, diz analista

Na conferência de Munique, membros da administração dos EUA "praticamente admitiram" que estavam blefando quando ameaçaram finalizar a cooperação em inteligência com o Reino Unido, caso esse autorizasse a Huawei a operar sua rede de 5G no país.

"Nós aprendemos que não podemos acreditar em tudo, ou mais provavelmente em nada, do que eles falam", disse um diplomata europeu.  

O anfitrião da Conferência, veterano diplomata alemão Wolfgang Ischinger, reagiu às constantes críticas dos EUA à China, lembrando que Pequim está enfrentando uma epidemia de coronavírus de proporções históricas, com implicações para toda a comunidade internacional, reportou a Foreign Policy.

"Acho que a China merece um pouco de compaixão, cooperação, algumas palavras de apoio e encorajamento, ao invés de constantes críticas", ponderou Ischinger.

A Conferência de Segurança de Munique foi realizada entre os dias 14 e 16 de fevereiro, na Alemanha. O evento é celebrado anualmente e reúne diplomatas e autoridades da área de segurança de diversos países.

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