'Brincando com a estabilidade militar': alemães são contra envio de tropas às fronteiras russas

O governo alemão deveria proibir o trânsito de tropas estrangeiras e cessar o apoio aos exercícios militares DEFENDER-Europe 20, liderados pelos EUA, afirma um documento do partido A Esquerda alemão, ao qual a RT teve acesso.
Sputnik

Segundo analistas russos, o objetivo dos exercícios militares, que serão realizados sobretudo nos Estados Bálticos e na Polônia, é testar sua logística e "demonstrar poder militar".

Deputados do partido A Esquerda no Bundestag alemão emitiram um apelo ao governo federal, pedindo que Berlim suspenda o "envio de tropas para a fronteira russa". A Alemanha enviará tropas para participar dos exercícios DEFENDER-Europe 20, planejados para serem realizados em março de 2020.

Durante essas manobras, conforme salientou a OTAN, os EUA irão enviar cerca de 20 mil militares para o continente europeu, o maior contingente nos últimos 25 anos.

Para os deputados, a OTAN coloca em risco a estabilidade militar no continente europeu e incorre em ofensa simbólica àqueles que lutaram contra o nazismo.

"O fato de que a OTAN brinca de maneira tão irresponsável com a estabilidade militar na Europa, exatamente nos dias que antecedem a comemoração dos 75 anos da tomada de Berlim pelo Exército Vermelho, vencendo o nazismo hitleriano, é uma ofensa ao povo russo e a muitas pessoas de outros países da ex-União Soviética", versa o documento.

Os deputados afirmam que "foram os antepassados [dos povos da ex-União Soviética] que foram as maiores vítimas e investiram maiores esforços pela libertação da Europa do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial".

'Brincando com a estabilidade militar': alemães são contra envio de tropas às fronteiras russas

O documento ainda aponta que, desde 2014, a OTAN empreendeu quatro vezes mais exercícios militares na região do que a Rússia o fez perto de sua fronteira europeia.

Anteriormente, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Aleksandr Grushko, havia dito que os exercícios irão deteriorar a situação na área de segurança militar na região.

"Nós não aceitamos esses exercícios, que são uma cópia da Guerra Fria. O objetivo dessas manobras é absolutamente claro para nós. O elemento principal será enviar reforços norte-americanos para o continente europeu para 'conter' um inimigo comparável. Isso não tem nenhuma relação com a situação real de segurança na Europa", declarou Grushko à RT.

'Brincando com a estabilidade militar': alemães são contra envio de tropas às fronteiras russas

O Ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, por sua vez, disse que a Rússia irá acompanhar com atenção essas manobras.

"Mais de 40 mil efetivos vão participar desses exercícios no total. Claro que nós iremos reagir. Nós não podemos ignorar um evento como esse, que causa uma preocupação muito grande. Mas iremos reagir de maneira a não incorrer em riscos desnecessários", disse o chanceler.

O especialista militar Viktor Litovkin acredita que um exercício militar dessa envergadura tem objetivos muito mais ambiciosos do que simplesmente "mostrar os músculos".

"Esse tipo de exercício militar é destinado a demonstrar que os norte-americanos irão 'defender' a Europa das supostas agressões dos russos alegadamente traiçoeiros", disse Litovkin.

"A Rússia não tem interesse em atacar ninguém. Não podemos esquecer que nos últimos 30 anos foram os EUA e a OTAN que atacaram todo mundo, desde a Iugoslávia até o Afeganistão, a Líbia e o Iraque, quanto à Síria, eles não querem sair de lá, apesar de nunca terem sido chamados", lembrou.

A edição de 2020 dos exercícios DEFENDER-Europe deve envolver cerca de 40 mil militares de 18 países, incluindo 20 mil soldados norte-americanos.

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