EUA geram 'instabilidade' e 'pobreza' no Oriente Médio, diz ministro chinês

Em entrevista, na qual faz raras críticas abertas aos EUA, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, questiona as motivações da presença dos EUA no Oriente Médio.
Sputnik

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, concedeu uma entrevista à agência de notícias Reuters durante visita à capital alemã, Berlim, nesta sexta-feira.

Durante sua exposição, o ministro questionou se a presença militar dos EUA no Oriente Médio forneceria "garantia de segurança" para a China e para os países da região: "Acho que muitos nos países do Oriente Médio discordariam desta ideia."

"A realidade é que, nas últimas décadas, os Estados Unidos iniciaram várias guerras no Oriente Médio, causaram uma quantidade imensa de danos e trouxeram muito sofrimento para os povos de vários países do Oriente Médio. Isso é fornecer garantia de segurança para o Oriente Médio?", questionou Wang.

Para ele, os "métodos norte-americanos" inviabilizaram a manutenção da "estabilidade e o desenvolvimento" econômico regional. "Pelo contrário, causaram uma situação perene de instabilidade e pobreza", lamentou.

EUA geram 'instabilidade' e 'pobreza' no Oriente Médio, diz ministro chinês

"O fato é os EUA têm como objetivo proteger seus próprios interesses. [As ações dos EUA] não geraram benefícios para o Oriente Médio. O que estou falando é a mais pura verdade", declarou Wang.

Choque de civilizações?

O ministro defendeu o direito de cada nação definir o seu modelo de desenvolvimento, dizendo respeitar modelos diferentes daquele que foi adotado na China.

"Os EUA têm o seu sistema [...] e nós acreditamos que isso é uma escolha do povo norte-americano. A China não vai interferir nos assuntos internos dos EUA. Da mesma forma, o atual sistema e caminho da China, que é o socialismo com características chinesas, é uma escolha do povo chinês, e tem tido grande sucesso na China", explicou.

Para o ministro, "todos os países tem o direito de se desenvolver" e gozam de igualdade soberana.

"A China sempre acreditou que nenhuma civilização é superior a outra. Cada cultura é criada a partir de sua história e cultura, cada civilização tem seus próprios valores", declarou Wang.

Wang se reuniu em Berlim, nesta sexta-feira (14), com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e com o seu homólogo alemão, Heiko Maas, em sua primeira viagem ao exterior após o início da crise relacionada ao coronavírus.

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