Legislador italiano: Turquia deve respeitar acordos sobre Líbia e evitar guerra indireta

Segundo Marco Minniti, deputado do Partido Democrático italiano, Ancara deve respeitar os acordos atingidos em Berlim sobre Líbia para evitar que situação saia fora do controle.
Sputnik

A Turquia deve manter os compromissos assumidos na conferência de Berlim sobre a Líbia e evitar que a crise no país do Norte de África se torne uma guerra indireta, afirmou Marco Minniti, deputado do Partido Democrático e ex-ministro do Interior italiano, que serviu como conselheiro de vários premiês e é considerado um dos políticos mais proeminentes da Itália que lidam com a questão líbia.

"Estou preocupado com o fato de que a Líbia possa se tornar a terra do confronto militar e diplomático com países que nada têm a ver com a Líbia. Devemos evitar guerras indiretas. Isso é o mais importante, e espero que os amigos da Turquia estejam cientes disso", disse Minniti.

Ao mesmo tempo, o político expressou compreensão pela iniciativa da Turquia de fazer um memorando de entendimento sobre cooperação em segurança e defesa com o Governo do Acordo Nacional (GNA, na sigla em inglês).

"Não contesto o Memorando de Entendimento que foi assinado entre a Turquia e o GNA. Claro que para a Turquia é particularmente difícil passar do Mediterrâneo Oriental para o Mediterrâneo Central", disse Minniti.

Legislador italiano: Turquia deve respeitar acordos sobre Líbia e evitar guerra indireta

No entanto, Minniti advertiu a Turquia para não ir longe demais, dizendo que, uma vez arrastada para o conflito líbio, ela poderia em última análise "perder o controle" sobre a situação.

"Mesmo que alguém esteja convencido de estar no controle da situação, posso dizer pela minha experiência pessoal, e estou familiarizado com ela em detalhe, que se deve evitar virar aprendiz de feiticeiro, porque quando se invoca fantasmas pode acontecer que, em última análise, se perca o controle sobre eles. Penso que é necessário que a Turquia, como uma das partes signatárias de Berlim, cumpra o acordo de Berlim", disse o legislador.

Cenário atual do conflito

No dia 19 de janeiro, Berlim sediou uma conferência internacional sobre a reconciliação líbia, com a Turquia entre seus participantes. Em um comunicado conjunto, os signatários se comprometeram a abster de prestar assistência às partes rivais e a manter um embargo de armas à Líbia.

Contudo, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan disse que seu país, que recentemente enviou tropas para a Líbia, manterá sua presença militar no país para apoiar o GNA na luta contra o Exército Nacional Líbio (LNA, na sigla em inglês), seu adversário.

Enquanto a Líbia continua dividida entre as duas administrações rivais, a próxima conferência de Berlim deverá ocorrer em meados de março a nível de ministros das Relações Exteriores.

No momento, a autoridade do GNA é desafiada pelo Parlamento de Tobruk, apoiado pelo comandante do Exército Nacional Líbio, marechal Khalifa Haftar. Ele anunciou anteriormente uma mobilização contra a intervenção estrangeira, exortando a comunidade internacional a parar de se intrometer.

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