Pesquisa: confiança na aliança e relações com EUA dividem opinião pública em países da OTAN

Nova pesquisa do Instituto PEW mostra que a confiança na OTAN e na solidariedade entre os aliados varia consideravelmente entre os países-membros. Queda acentuada na popularidade da aliança é registrada na França e na Alemanha.
Sputnik

Nova pesquisa, coordenada pelo instituto PEW, questionou a opinião pública dos países-membros da OTAN acerca de suas impressões sobre a aliança militar transatlântica.

A aliança enfrenta reiteradas crises nos últimos anos, geradas tanto pelo seu acelerado processo de expansão quanto pela insistência da nova administração Trump para que aliados ampliem seus gastos com defesa.

Além disso, divergências com a Turquia em relação ao conflito na Síria e à sua política de compra de armas levaram a um impasse no processo decisório da Aliança Atlântica.

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Os problemas se acumularam de tal forma que o presidente francês, Emmanuel Macron, declarou em entrevista à revista The Economist que a aliança sofria de "morte cerebral".

A pesquisa, conduzida pelo instituto PEW, mostra que as divergências não estão restritas às elites governantes. A opinião pública dos países-membros também expressa opiniões bastante discrepantes acerca de temas-chave para a OTAN, como as relações com a Rússia e a cláusula de defesa comum.

Avaliação da Aliança Atlântica

Quando comparado aos resultados da última pesquisa do instituto, realizada em 2007, constata-se que a imagem da OTAN está em franco processo de deterioração em dois países centrais para a aliança.

Na França, o número de pessoas que têm uma visão positiva da aliança caiu 22 pontos percentuais, e agora é de 49%. Aqueles que declararam ter uma visão negativa da OTAN totalizaram 38%, reportou o Le Figaro.

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Na Alemanha, houve queda de 16 pontos no número de pessoas que consideram a aliança de forma positiva, enquanto 38% manifestaram ter uma visão negativa da aliança.

No entanto, os países nos quais a opinião pública tem maior aversão à aliança transatlântica são a Turquia, com 55%, e a Grécia, com 51%.

Por outro lado, os países do Leste Europeu tendem a ver a OTAN com bons olhos: na Polônia, 82% dos entrevistados consideraram a aliança de forma favorável, um aumento de 10 pontos quando comparado aos resultados de 2007.

Defesa comum

Elemento fundamental para a coesão da aliança militar do Atlântico Norte é a defesa comum, prevista no artigo 5 do tratado da organização. De acordo com ele, um ataque a um país-membro da OTAN deve ser considerado um ataque contra todos os membros.

No entanto, a pesquisa mostra que a maior parte do eleitorado dos países se recusaria a ir para a guerra em defesa de um aliado.

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Na França, 55% dos entrevistados disseram que não se engajariam militarmente em defesa de outro país-membro. Na Espanha, 56% concordam com essa afirmação.

Na Alemanha, impressionantes 60% se recusariam a ir para a guerra para defender outro país-membro da aliança.

Por outro lado, 55% dos britânicos se dizem preparados para lutar em nome da aliança, enquanto 60% dos norte-americanos manifestaram a mesma disposição.

Confiança nos EUA

Os Estados Unidos é a principal potência militar da OTAN, com gastos militares superiores ao de todos os demais membros combinados.

No entanto, a pesquisa mostra que a confiança dos demais membros da OTAN na capacidade de liderança dos EUA também está em declínio.

Somente 47% dos poloneses acreditam que Washington viria em sua defesa, em caso de uma hipotética agressão por parte da Rússia. Já 30% estão certos de que os EUA não se mobilizariam para defender Varsóvia.

Na Hungria e na República Tcheca, a opinião pública também expressou dúvidas sobre a prontidão norte-americana em defendê-los.

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Nesse ínterim, diversos países manifestaram o desejo de manter boas relações tanto com os Estados Unidos quanto com a Rússia. Na Polônia, 55% acreditam na necessidade de relações balanceadas, assim como 55% dos húngaros, 50% dos eslovacos e 45% dos italianos.

A OTAN é uma aliança militar criada em 1949, que conta com 29 países-membros, localizados na América do Norte e na Europa.

Desde o fim da Guerra Fria, a OTAN já executou quatro rodadas de expansão para o Leste Europeu. Na primeira, em 1999, integrou a República Tcheca, Polônia e Hungria. Na segunda, em 2004, integrou sete países da região, inclusive os três países bálticos – Lituânia, Letônia e Estônia.

As mais recentes rodadas de expansão ocorreram em 2004, quando a Croácia e Albânia tornaram-se membros da Aliança Atlântica, e em 2017, ano da integração de Montenegro

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