Conseguirá Duterte cumprir ameaça de rescisão de acordo militar com EUA? Especialistas respondem

Permanecem tensas as relações entre as Filipinas e os Estados Unidos, sobretudo no campo da cooperação militar, depois que Washington negou visto de entrada a um colaborador próximo de Duterte.
Sputnik

Na sequência desse incidente, o presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, ameaçou rescindir o Acordo das Forças Visitantes (Visiting Forces Agreement) que confere imunidade aos militares norte-americanos durante exercícios militares em solo filipino.

Em declarações à Sputnik China, Chen Xiangmiao, pesquisador do Instituto Chinês para os Problemas do Mar do Sul da China, duvida da real capacidade do presidente Duterte em levar avante sua ameaça.

"Ultimamente, as relações entre as Filipinas e os Estados Unidos têm-se confrontado com diversos problemas. Entre as partes há muitas divergências quanto às questões dos direitos humanos e do mar do Sul da China. Esta clivagem surgiu sobretudo após a chegada ao poder de Rodrigo Duterte."

No entanto, na opinião de Chen tais problemas não têm influenciado negativamente a cooperação entre os dois países.

O especialista prossegue afirmando que, apesar da ameaça formulada de rescindir o acordo e mesmo da insistência em não querer se deslocar à próxima reunião dos países da ASEAN nos EUA, "ele não tem força para rescindir unilateralmente o Acordo das Forças Visitantes".

As relações militares entre as Filipinas e os EUA não dependem somente da vontade de Duterte. Há todo um lobby militar e uma correlação de forças políticas que o condicionam fortemente, precisou Chen.

Por isso, o especialista prevê sérias dificuldades para Duterte em implementar essa sua intenção.

Entretanto, Duterte vai insistindo que as Filipinas são um Estado soberano e independente.

Darya Panarina, pesquisadora do Instituto de Estudos Orientais da Academia de Ciências da Rússia, por seu turno, acha que a posição de Duterte é, antes de mais, "destinada à opinião pública" para fazer crescer a sua popularidade, sobretudo entre aqueles que não veem com bons olhos a presença militar norte-americana na região.

Para a especialista, "as Filipinas procuram vantagens econômicas em sua cooperação com a China, mas não estão em condições de prescindir da proteção militar que lhes é facultada pelos EUA".

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O problema reside no fato de as Forças Armadas filipinas "estarem vocacionadas somente para fazer frente a agressões internas, não estando em condições de enfrentar nenhum conflito militar na região", prosseguiu Panarina.

Esse papel tem sido historicamente desempenhado pelos EUA, que em 1951 assinaram um tratado de defesa mútua com as Filipinas.

"Apesar de redigido em termos pouco claros, o tratado mantém-se completamente em vigor", concluiu a pesquisadora.

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