Israel ocupará Cisjordânia assim que vencer eleições, diz Netanyahu

As declarações vêm depois que o premiê israelense afirmou que o "Acordo do Século" de Trump seria implementado já a partir do último domingo (2).
Sputnik

O premiê israelense Benjamin Netanyahu anunciou que pedirá ao governo que dê luz verde à extensão da soberania sobre o território da Cisjordânia somente quando vencer as eleições de 2 de março.

Usando termos bíblicos para a Cisjordânia, Netanyahu disse durante um evento de campanha em Beit Shemesh na terça-feira (4) que "assim que ganharmos, vamos aplicar a lei israelense a todas as comunidades judaicas no Vale do Jordão, na Judeia e Samaria".

"Nós, o Likud [partido de Netanyahu], não vamos deixar escapar esta grande oportunidade. Mas para garantir isso, para garantir as fronteiras de Israel, para garantir o futuro de Israel, eu preciso que cada membro do Likud desta vez saia para votar e faça os outros votar. Desta vez, vamos tirar todos de casa, não vamos deixar ninguém para trás", sublinhou ele.

Declarações de Netanyahu

Os comentários aparentemente vão contra a promessa anterior de Netanyahu de começar a estender a soberania sobre o território imediatamente após a publicação do plano de paz do presidente norte-americano, Donald Trump, no Oriente Médio, em 28 de janeiro.

Após o encontro com Trump e a revelação do chamado "Acordo do Século", Netanyahu disse aos repórteres que Israel poderia avançar e estender a soberania israelense sobre os assentamentos logo em 2 de fevereiro.

A ideia, entretanto, foi contrariada pelo genro e conselheiro sênior de Trump, Jared Kushner, que disse que os EUA tinham esperança de que Israel "esperasse até depois das eleições" em março para aplicar a lei israelense às partes da Cisjordânia que possuem assentamentos israelenses.

"A esperança é que eles esperem até depois das eleições, e nós trabalharemos com eles para tentar encontrar algo", disse Kushner.

Israel ocupará Cisjordânia assim que vencer eleições, diz Netanyahu

Ele acrescentou que os dois países precisariam de "alguns meses" para criar um documento "com o qual nós dois possamos nos sentir bem". De acordo com o conselheiro de Trump, "precisaríamos de um governo israelense" antes de avançar com a extensão da soberania sobre os territórios.

Seus comentários pareciam contradizer os expressos pelo presidente do Knesset (parlamento de Israel), Yuli-Yoel Edelstein, que prometeu na semana passada "acelerar" qualquer proposta de votação sobre o assunto.

Plano de paz de Trump

O plano que Trump para o Oriente Médio estipula uma solução de dois Estados, o reconhecimento das reivindicações israelenses sobre os assentamentos na Cisjordânia, o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, e a cedência de vários bairros em Jerusalém Oriental para uma capital palestina.

O plano foi imediatamente rejeitado pelo presidente palestino Mahmoud Abbas, que disse que Jerusalém não estava "à venda", e que o acordo seria jogado na "lata de lixo da história" pelos palestinos.

Kushner criticou as declarações, dizendo que "se eles não [aceitarem o acordo], eles vão estragar outra oportunidade, como eles estragaram todas as outras oportunidades que já tiveram em sua existência".

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