Suécia inicia 1º exercício de 'defesa total' desde a Guerra Fria

Suécia vai mobilizar quase 100.000 pessoas em todo o país. A última vez que o país nórdico realizou um exercício de preparação total foi em 1987, em plena Guerra Fria.
Sputnik

Em 2020, a Suécia organizará exercícios de "defesa total" pela primeira vez em 33 anos, devido ao aumento do nível de ameaça, informou a emissora nacional SVT. O exercício abrange todo o país, com o objetivo de aumentar a colaboração a nível nacional, regional e local.

A última edição do exercício de "defesa total" foi realizada em 1987, em plena Guerra Fria. Sua reedição contará com mais de 400 entidades, incluindo municípios, conselhos de administração de condados, regiões inteiras, empresas e organizações de voluntários.

O exercício Total Defence, TFÖ 2020, contribuirá para aumentar a resiliência da Suécia. A colaboração entre a defesa militar e a defesa civil será liderada conjuntamente pelas Forças Armadas Suecas e pela Agência Sueca de Contingências Civis (MSB), a fim de preparar o país para uma eventual guerra. De acordo com o comando militar da Suécia, é mais que tempo de reforçar a capacidade de defesa do país.

Detalhes do exercício

O exercício está dividido em quatro áreas de atividades e irá simular uma situação em que a Suécia é alvo de um ataque e o governo decide decretar a defesa total à luz da ameaça elevada. No decurso do TFÖ 2020, os municípios, as regiões e as autoridades irão praticar a manutenção dos serviços e áreas mais importantes da sociedade em caso de guerra.

"No que diz respeito à defesa militar, iniciamos uma jornada em 2016 com um novo plano de defesa e recursos adicionais, pois precisávamos aumentar nossa capacidade militar. Depois descobrimos que a defesa civil começa em níveis ainda mais baixos", disse o comandante supremo, Micael Bydén, à SVT.

Uma das principais atividades do exercício será realizada em maio, como parte das manobras Aurora 20 das Forças Armadas, onde as cadeias de abastecimento de entidades civis e as Forças Armadas serão revisadas e testadas.

Na semana passada, vários municípios do Norte se rexerceuniram como prelúdio da simulação de defesa total. De acordo com a emissora, um dos principais desafios é que as operações municipais hoje são amplamente gerenciadas por empresas privadas.

"Temos muitos contratos, empresas privadas que executam certas atividades, e isso significa que temos que pensar de maneira diferente quando fazemos planejamentos militares e colocamos pessoal militar", disse Agneta Lipkin, coordenadora de segurança no município de Kalix.

Ao responder à pergunta da SVT sobre se o município vai sobreviver caso haja uma guerra, Lipkin admitiu que ainda não existe um "planejamento pronto", mas está sendo preparado. "Temos uma organização muito clara para ser usada em situações de crise e podemos usá-la", explicou Lipkin.

Passos anteriores

A Suécia iniciou há pouco um reforço radical da sua capacidade militar que o ministro da Defesa, Peter Hultqvist, apelidou de "maior reforço em décadas".

O recente acordo de defesa inclui um melhoramento generalizado de todos os ramos militares, aumentando o número de pessoal envolvido na defesa dos atuais 60.000 para 90.000, incluindo a defesa civil.

Outras alterações de reforço da capacidade são a colocação de um batalhão mecanizado na antiga ilha báltica desmilitarizada de Gotland, a duplicação do número de conscritos para 8.000, a modernização dos tanques e outros veículos de combate, a substituição das defesas aéreas costeiras, o reforço das capacidades antissubmarino dos caças e a aquisição maciça de material para a Guarda interna.

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