Coreia do Norte afirma que 'provocação' dos EUA deixa diálogo nuclear à beira da extinção

Em um recente pronunciamento, um responsável oficial de Pyongyang classificou os próximos exercícios aéreos conjuntos de Washington e Seul como um "balde de água fria", se referindo ao diálogo entre os EUA e a Coreia do Norte.
Sputnik

Dias após o Pentágono anunciar que os EUA realizariam treinamentos aéreos limitados com a Coreia do Sul nas próximas semanas em vez dos exercícios anuais Vigilant Ace, Kwon Jong Gun, embaixador itinerante da República Popular Democrática da Coreia (RPDC), declarou que a decisão dos EUA "representa uma declaração de confronto".

"O frenesi militar imprudente dos EUA é um ato extremamente provocativo e perigoso, jogando um balde de água fria na centelha do diálogo RPDC–EUA à beira de extinção", afirmou o diplomata na quinta-feira (7), conforme divulgado pela rede KCNA Watch. "Ninguém acreditará que as mudanças dos exercícios de guerra alteraram também sua natureza agressiva".

Os exercícios Vigilant Ace foram cancelados no ano anterior logo após o presidente norte-americano, Donald Trump, ter cancelado dois outros treinamentos conjuntos com a Coreia do Sul e declarado que "jogos militares" têm um custo "muito caro" e dificultavam as negociações com Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte. Jim Mattis, secretário de Defesa dos EUA na época, expressou um posicionamento semelhante quando anunciou uma redução dos exercícios Foal Eagle "para os manter em um nível que não seja prejudicial para a diplomacia".

As manobras militares Vigilant Ace de 2017 levaram mais de 230 aeronaves para a região e, de acordo com o Pentágono, foram realizadas de forma a "maximizar o realismo" de uma resposta a uma potencial ameaça no Pacífico. A RPDC, por outro lado, os considerou como "provocação perigosa" que empurra a região "para a beira de uma guerra nuclear".

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Kwon recordou Washington desta recente história de exercícios militares conjuntos na região e afirmou que Pyongyang "enfatizou mais de uma vez que os exercícios militares conjuntos planejados podem impedir o avanço das relações bilaterais, nos obrigando a reconsiderar as medidas cruciais que já tomamos".

"Nossa paciência está se aproximando do limite", acrescentou, "nunca iremos desconsiderar os movimentos militares imprudentes dos EUA", possivelmente sinalizando uma resposta através da retoma de testes de mísseis de longo alcance e da pesquisa nuclear.

Em paralelo às fracassadas negociações em Estocolmo, Suécia, no último mês, a declaração de Kwon vem logo após o Departamento do Estado norte-americano designar, em 2018, a Coreia do Norte como Estado promotor de terrorismo. Pyongyang condenou tal acusação e reafirmou que a RPDC repudia manifestações de terrorismo e não apoia atos terroristas.

"Nós não definimos a escala ou conduzimos nossos exercícios com base na fúria da Coreia do Norte", defendeu o porta-voz do Pentágono, tenente-coronel Dave Eastburn, em entrevista para o The Japan Times na quinta-feira. "Nossos exercícios […] garantem a prontidão e aperfeiçoam a interoperabilidade entre os EUA e a Coreia do Sul, enquanto permitem aos diplomatas terem o espaço necessário para manter negociações abertas com a Coreia do Norte".

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