Análise: EUA e membros da UE se sentem no direito de intervir e não querem que Turquia faça o mesmo

Ilter Turan, professor de relações internacionais da Universidade Bilgi de Istambul, na Turquia, e presidente da Associação Internacional de Ciência Política, comentou o plano do presidente americano, Donald Trump, de sancionar a Turquia.
Sputnik

Sobre o discurso atual de Trump contra a Turquia, Ilter Turan indicou que os EUA e alguns membros da UE parecem se sentir no direito de intervir em qualquer parte do mundo por terem uma justificativa.

"Mas quando a Turquia intervém por razões existenciais, eles [EUA e alguns membros da UE] pensam que é algo que a Turquia não deve fazer, certo? Trata-se de uma política muito inconsistente e hipócrita. E a política internacional é um mundo de hipocrisia, estando a Turquia dentro por razões existenciais. Diga-me, por exemplo, que razão existencial tem a França para ter tropas na mesma área?", indagou.

Além disso, Ilter Turan comentou para Sputnik Internacional a decisão de Trump de impor sanções à Turquia.

Objetivos de Trump

"Trump tem tentado evitar críticas e aplicar suas próprias ideias. Então ele diz uma coisa e depois muda sua estratégia e diz outra coisa [...] Minha impressão é que as sanções foram essencialmente um compromisso com algumas das forças que são contra a retirada dos EUA da Síria", explicou Turan.

Segundo o professor, Trump falou sobre "Turquia ter ultrapassado a linha", mas ninguém sabe que linha é essa. "Mas, essencialmente, acredito que [as sanções] sejam uma forma de acalmar o Senado e não prevejo quaisquer sanções imediatas entrando em vigor", adicionou.

Como afirmou Turan, o presidente dos Estados Unidos parece estar interessado em retirar tropas de áreas onde ele acha difícil entender por que os americanos estão presentes lá, por exemplo, está reduzindo a "presença americana no Afeganistão e provavelmente no Iraque".

"Trump tem aumentado [presença militar] na Arábia Saudita. Parece que o destacamento de forças para o exterior por parte dos EUA se tornou mais focalizado e mais direcionado do que um tipo geral de orientação para a intervenção em qualquer ponto problemático do mundo", acrescentou.

Relações na OTAN

Além disso, o professor afirmou que a própria OTAN tem apoiado e compreendido a intervenção turca, mas membros individuais têm as suas próprias opiniões.

"Obviamente existem tensões entre os membros da OTAN. Mas não creio que seja tanto que represente uma espécie de ameaça para a OTAN e que resolva as coisas. A OTAN está habituada a operar em ambientes diferentes dos que eram quando foi criada. Por isso, vai ser um exercício doloroso."

Segundo Turan, os "russos foram poupados deste tipo de exercício, porque o Pacto de Varsóvia e a União Soviética vieram ao fim. O que não aconteceu no lado da OTAN, que está tentando encontrar novas funções, emergências e inviabilidades de diferentes opiniões que caracterizam a OTAN e que são esperadas que continuem, mas ninguém está interessado em sair da OTAN".

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