Tanto barato quanto caro, dólar chegará ao seu fim, diz especialista

Executivo do Saxo Bank, Steen Jakobsen analisou as consequências de um dólar caro ou barato para a economia mundial e os riscos que a moeda traz para o mundo e para si mesma.
Sputnik

Desde a Conferência de Bretton Woods, em 1944, o mundo tem utilizado o dólar americano como sua moeda para transações internacionais.

Sendo assim, a moeda se tornou cobiçada por diversos países do mundo, ao mesmo tempo que seu câmbio tem determinado o preço de diversos produtos que compramos todos os dias.

Analisando o assunto, Steen Jakobsen, executivo do Saxo Bank, expôs os riscos que a moeda americana traz para o mundo e para si mesma.

Dólar caro

De acordo com Jakobsen, um dólar caro trava o crescimento econômico mundial. A razão disto estaria na dificuldade que seu preço elevado traz às trocas comerciais, principalmente em países muito dependentes da moeda americana.

"Se o dólar sobe muito, a tensão no sistema também cresce, não somente para as exportações americanas, mas também para os mercados emergentes com grande dependência de investimentos em dólar", escreveu Jakobsen no site do Saxo Bank.

Sendo assim, a solução imediata seria a desvalorização da moeda americana, o que já é desejado pela elite política dos Estados Unidos, segundo Jakobsen.

"Políticos americanos de todas as orientações querem ativar medidas para a redução da força do dólar", afirmou o executivo.

Dólar barato

Se por um lado o dólar caro dificulta o crescimento econômico global, a desvalorização da moeda a tornaria mais acessível aos seus compradores e facilitaria as exportações dos EUA, o que é defendido pela administração Trump, de acordo com Jakobsen.

No entanto, um dólar mais barato não é de todo desejado pelas instituições americanas.

É válido lembrar que a moeda é rigorosamente gerida pelo Federal Reserve. Segundo Jakobsen, caso o Federal Reserve se oponha à desvalorização do dólar, Trump teria uma carta na manga.

"Ele [Trump] poderia ativar o Gold Reserve Act de 1934, o qual dá à Casa Branca poderes para intervir, vendendo dólares e comprando moedas estrangeiras", explicou Jakobsen.

Risco

Apesar das vantagens, Jakobsen diz que a desvalorização da moeda ainda não seria a solução final para as implicações que um dólar internacional traz.

"Um dólar mais fraco pode dar um pouco mais de tempo para nós, sua desvalorização não é uma solução estrutural [...] Que os Estados Unidos tenham cuidado com seus desejos", afirmou o executivo.

O grande problema estaria na reação de outros países. A desvalorização do dólar seria acompanhada pelo enfraquecimento de outras moedas nacionais. Os países tomariam tal medida para se manterem competitivos no mercado internacional.

Além disso, todo o sistema financeiro global poderia não suportar o enfraquecimento do dólar.

Desta forma, Jakobsen vê que a moeda estadunidense, tanto forte quanto fraca, chegará ao seu fim, em um "suicídio" que poderá ser catastrófico.

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