Confira 5 pontos imperdíveis da 74ª Assembleia Geral da ONU

Durante os próximos dias, a ONU estará repleta de discursos e discussões sobre como fazer do mundo um lugar melhor. Aqui está um breve guia sobre o que esperar e o que não esperar da reunião.
Sputnik

Líderes mundiais vão se reunir em Nova York para a Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta semana, para discutir política e muito mais.

Assim como no ano passado, a cúpula dará a oportunidade de corrigir ou mostrar mais uma vez, no pior dos casos, as relações tensas e, em alguns casos, quase inexistentes entre países.

Importância da Assembleia Geral

A Assembleia Geral como é frequentemente abreviada é o parlamento do mundo e o lugar de maior destaque para o debate internacional. É o principal órgão de formulação de políticas das Nações Unidas, representando todos os seus 193 países-membros.

As decisões da Assembleia não têm força juridicamente vinculativa para os governos, mas têm o peso e a autoridade moral da comunidade internacional.

A 74ª sessão da Assembleia foi aberta em 17 de setembro e seu evento mais significativo é o debate geral.  Apesar do seu nome, não se trata tanto de debater. No debate geral, presidentes, primeiros-ministros e reis discutem questões globais e esboçam suas políticas e propostas. O debate terá início na terça-feira (24).

Numerosas reuniões

Nesta semana haverá numerosas reuniões à margem da Assembleia Geral e quem se reúne com quem é importante, bem como reuniões sobre clima, cobertura universal de saúde, desenvolvimento sustentável, eliminação de armas nucleares e pequenos países insulares em desenvolvimento.

Para discutir e abordar os impactos do aquecimento global e outras questões ambientais, a ONU realizará uma cúpula de ação climática nesta segunda-feira (23).

Cerca de 60 chefes de Estado planejam falar lá; a jovem ativista sueca Greta Thunberg, que inspirou protestos globais de centenas de milhares de pessoas na semana passada, também estará presente.

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Donald Trump não participará da reunião climática. Ao invés de falar sobre clima, Trump presidirá uma reunião sobre liberdade religiosa no mesmo edifício.

O presidente dos EUA tem demonstrado até agora muito pouco interesse em enfrentar a crise climática e retirou seu país do Acordo de Paris de 2015.

Série de discursos

Cada país-membro tem 15 minutos para falar, embora possam ir além desse limite. A série de discursos leva dias para ser concluída, e a maior parte do foco está nos primeiros dias da cúpula, quando os maiores jogadores sobem ao pódio. Em conformidade com uma longa tradição, o Brasil vai falar primeiro. Será seguido pelos EUA, país anfitrião.

O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, também falará no primeiro dia, seguido pelo presidente sul-coreano Moon Jae-in, pelo presidente mexicano Andrés Manuel Lopez Obrador e pelo presidente francês Emmanuel Macron.

Outros oradores, ainda nesse dia, incluem os líderes da Jordânia, Marrocos, Argélia e Reino Unido. A Rússia deverá falar na sexta-feira (27), juntamente com a China.

Tijjani Muhammad-Bande, enviado da Nigéria, presidirá à 74ª sessão. Ele vai manter a posição por um ano, e decidiu o tema desta sessão: "Galvanizar os esforços multilaterais para a erradicação da pobreza, educação de qualidade, ação climática e inclusão."
Quem ignorará a Assembleia?

Este ano será marcado por várias não comparências significativas: Vladimir Putin e Xi Jinping, os respectivos presidentes da Rússia e da China, não são esperados.

Nem o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que está lutando com o impasse político após uma eleição geral inconclusiva.

O presidente venezuelano Nicolás Maduro também é muito improvável de comparecer, já que os Estados Unidos e uma série de nações ocidentais e latino-americanas endossaram seu rival, o autoproclamado presidente Juan Guaidó.

Embora as Nações Unidas não tenham oficialmente reconhecido Guaidó, ele está considerando participar do debate, mas o secretário-geral da ONU, António Guterres, descartou a possibilidade de se reunir com ele.

O que procurar nesta semana?

Três anos da política "América Primeiro" de Donald Trump geraram muita controvérsia no cenário global, e os Estados Unidos estiveram envolvidos em várias crises.

Uma das maiores é o impasse com o Irã, e uma grande questão é se Trump vai se encontrar com o presidente iraniano Hassan Rouhani.

A possibilidade de reunião entre EUA e Irã já foi discutida, mas os recentes ataques às refinarias sauditas tornaram altamente improváveis conversações entre Trump e Rouhani.

Tanto Washington como Riad culpam Teerã pelos ataques, embora os rebeldes iemenitas Houthis tenham reivindicado a responsabilidade e Teerã tenha negado qualquer participação. No fim de semana, veio à tona que Estados Unidos recusaram vistos a vários membros da delegação iraniana.

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Trump ou seus aliados no golfo poderiam tentar convencer outros líderes mundiais a ajudá-los a construir uma coalizão contra o Irã, uma vez que os EUA vão destacar forças militares para o Oriente Médio após os últimos ataques com drones.

O presidente do Irã, Hassan Rouhani, em resposta, revelará um plano de cooperação regional chamado Coalizão da Esperança; ele deixou claro que a proposta excluirá os EUA, o que provavelmente a tornará inaceitável para os aliados regionais dos EUA e rivais do Irã como a Arábia Saudita e os EAU.

Trump também se reunirá com o novo presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky. O presidente dos EUA está enfrentando acusações de ter pressionado Zelensky para investigar o filho de seu potencial rival nas eleições de 2020, Joe Biden, sob o pretexto de uma repressão à corrupção.

Nações asiáticas em discussão

Um ponto central da agenda desta semana será provavelmente a península coreana. As negociações nucleares entre Trump e Kim estagnaram, enquanto nem os EUA nem as Nações Unidas parecem estar planejando cancelar ou aliviar as sanções contra a Coreia do Norte.

Ao mesmo tempo, não se espera que o Japão e a Coreia do Sul, duas nações vizinhas que têm preocupações sobre o Norte, se encontrem.

A Coreia do Sul eliminou recentemente os laços de inteligência com o Japão como parte de uma discussão mais ampla sobre comércio e história da guerra.

A agenda da cúpula incluirá também a fricção geopolítica entre os Estados Unidos e a China, que gira em torno da batalha comercial e tarifária de um ano e de acusações mútuas de ingerência nos assuntos internos.

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