Greve de caminhoneiros em Portugal encerra com data marcada para nova paralisação

O governo português intermediou, nesta terça-feira (20), uma rodada de negociações entre os representantes dos caminhoneiros e o sindicato das empresas.
Sputnik

Os trabalhadores suspenderam a greve, que já durava sete dias, no último domingo. O fim da paralisação era o argumento dos patrões para que houvesse diálogo.

No entanto, depois de um dia inteiro de reuniões, não houve acordo. Segundo o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, o sindicato dos caminhoneiros tentou impor pré-condições antes mesmo de o processo de mediação começar.

"Uma mediação tem como objetivo chegar a resultados, eles não podem ser impostos antes da mediação se iniciar. Nós obviamente lamentamos muito tudo isso que está a acontecer e nós, todos os portugueses, temos o direito de exigir que se respeite um processo de mediação pela via do diálogo", declarou o ministro na saída das reuniões.

Greve de caminhoneiros em Portugal encerra com data marcada para nova paralisação

De acordo com o porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pardal Henriques, não houve imposição de pré-condições, mas, sim, uma tentativa de garantir que a mediação já começasse cobrindo direitos dos trabalhadores.

"Abdicamos de muitas coisas, mas pedimos duas coisas essenciais: que sejam valorizados os trabalhadores e que recebam pelo trabalho que fazem. Dissemos que não abdicaríamos do pagamento das horas extras. Pedimos também o aumento do subsídio específico para 800 trabalhadores que manuseiam matérias perigosas. Estamos a falar de um acréscimo de 50 euros", explicou Pardal Henriques a jornalistas.

Greve de caminhoneiros em Portugal encerra com data marcada para nova paralisação

O porta-voz da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), André Almeida, afirmou que a entidade continua disponível para um processo mediado pelo governo, desde que não existam pré-condições.

"Não colocamos qualquer tipo de restrição à mediação. Somos levados a crer que aquilo que se passou no domingo não passou de mais um número e lamentamos profundamente. Isto é algo que prejudicará gravemente estes trabalhadores", declarou André Almeida à imprensa depois das reuniões.

Crise energética em Portugal

A greve teve início no último dia 12 com adesão de duas categorias de caminhoneiros: os que transportam as chamadas matérias perigosas, como combustíveis e outros químicos, e os que transportam mercadorias em geral, como alimentos. O governo chegou a declarar "estado de crise energética" antes mesmo do começo da paralisação, para botar em prática medidas preventivas.

Para assegurar o abastecimento de algumas entidades prioritárias, como aeroportos, hospitais e unidades de socorro, o governo apelou à convocação de militares e agentes de segurança. Do dia 12 ao dia 16, 154 agentes se dividiram em 131 viagens, levando combustível para diversas regiões do país.

Greve de caminhoneiros em Portugal encerra com data marcada para nova paralisação

A crise energética foi formalmente encerrada nesta quarta-feira (21). Com isso, a venda nos postos de combustíveis, que estava racionada, voltou ao normal. Também nesta quarta, os caminhoneiros das matérias perigosas, únicos que permanecem em queda de braço com as empresas, apresentaram um novo aviso de greve. A nova paralisação será realizada do dia 7 ao dia 22 de setembro, mas não afetará todos os serviços. Os caminhoneiros não vão trabalhar aos feriados, fins de semana e nem realizar horas extras.

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