Rússia quer acordo para redução de armas, mas aguarda os EUA, afirma Putin

A Rússia não busca uma corrida armamentista, apenas proteção, declarou o presidente russo Vladimir Putin logo após suspender o Tratado INF, em uma resposta espelhada aos EUA. Moscou está aberta a um novo acordo de redução de armas, mas os EUA devem retribuir, acrescentou.
Sputnik

Em uma extensa entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera nesta quinta-feira, Putin apontou para a gigantesca diferença entre os orçamentos de defesa dos EUA e da Rússia, para rejeitar a noção de que Moscou poderia querer entrar em uma corrida armamentista.

"Compare o quanto a Rússia gasta com a defesa - cerca de US$ 48 bilhões e quanto os EUA gastam - mais de US$ 700 bilhões. Onde está a corrida armamentista? Não nos deixaremos arrastar para tal corrida, mas devemos garantir nossa segurança", analisou Putin.

Chegar a um acordo abrangente de redução de armas é o que Moscou está procurando, mas Washington não parece tão disposto, disse ele.

"A Rússia tem vontade política para trabalhar nisso. Agora é a vez dos EUA", completou Putin.

Ele ressaltou que Moscou nunca ouviu nada da administração Trump após se oferecer para assinar uma declaração conjunta sobre a inadmissibilidade da guerra nuclear em outubro, o mesmo mês em que o presidente dos EUA anunciou sua intenção de se retirar unilateralmente do Tratado de Forças Nucleares de Gama Intermediária (INF).

Rússia quer acordo para redução de armas, mas aguarda os EUA, afirma Putin

Washington citou as alegadas violações da Rússia ao desmantelar a pedra fundamental da segurança europeia, acusações que Moscou negou veementemente. Em uma resposta espelhada, a Rússia também suspendeu o tratado. Putin assinou o projeto correspondente em lei na quarta-feira.

O tratado proibia mísseis balísticos e de cruzeiro nucleares e não nucleares lançados no solo, com alcance de até 5.000 km.

Depois de retirar os EUA do INF, Trump sinalizou que gostaria de discutir um pacto nuclear trilateral que também incluiria a China. O presidente dos Estados Unidos disse que discutiu a possibilidade de fazer um "acordo de três vias" em um telefonema em maio.

Apesar dessa retórica, Trump vem expandindo agressivamente o já imenso arsenal nuclear dos EUA, gastando bilhões de dólares em sua construção. Na semana passada, Trump se gabou sobre a indústria de guerra dos EUA produzindo "novas armas nucleares" que ele "esperançosamente" nunca usaria.

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