Por que robôs sexuais podem ser considerados culpados de estupro no futuro próximo?

Amor e sexo entre robôs e seres humanos é algo que era considerado impensável há uns anos.
Sputnik

Entretanto, em breve as relações entre pessoas e robôs podem vir a ter novas implicações jurídicas apesar de os robôs possuírem Inteligência artificial (IA) sofisticada.

David Levy, um dos maiores especialistas no campo da inteligência artificial, que passou anos estudando robôs sexuais, irá discursar no 4º Congresso Internacional dedicado ao amor e sexo com robôs, onde ele irá falar sobre um assunto urgente no contexto dos nossos dias: a noção de consentimento sexual nas relações com as máquinas.

De acordo com Daily Star, o autor, que escreveu um livro sobre relações sexuais entre robôs e humanos dizendo que elas serão algo rotineiro até 2050, sugere que, mesmo que os futuros robôs sexuais "sejam nossos iguais ou melhores de muitas maneiras", os homens podem ser considerados culpados de estupro se sua programação falhar.

Por que robôs sexuais podem ser considerados culpados de estupro no futuro próximo?

Levy criticou a Comissão de Assuntos Jurídicos do Parlamento Europeu por "culpar as vítimas", uma vez que o relatório de 2016 publicado por esta instituição afirmava que "os danos causados por robôs autônomos podem ser atribuídos a erros do usuário. Nesses casos, pode ser imposta uma responsabilidade limitada ou culposa, consoante as circunstâncias".

"Isso pode implicar que, em alguns casos de comportamento indevido ou ilegal por parte de robô de gênero masculino que procura relações sexuais com uma mulher, a própria mulher pode ser considerada responsável. Para mim é como se a gente dissesse 'Ela estava pedindo isso'", explicou Levy.

O especialista acrescentou que, enquanto os humanos terão determinadas responsabilidades em relação aos robôs, as máquinas terão também que assumir responsabilidades em relação ao seus "parceiros sexuais".

Ao abordar este assunto de consentimento humano, os cientistas informáticos anteriormente já tinham levantado a questão da ética em relação às máquinas, enfatizando que as pessoas ignoram o fato de que elas podem causar danos ao robô, só porque este não pode dizer "não" aos seus avanços.

Por exemplo, dois anos atrás, um robô sexual chamado Samantha, construído pelo engenheiro Sergi Santos, "sobreviveu" a um encontro agressivo: a boneca foi reparada depois que vários homens a apalparam violentamente no Festival Arts Electronica, na Áustria.

Santos insistiu que sua criação foi programada com inteligência artificial para responder a "sedução delicada", e não a um "tratamento bárbaro", e mais tarde supostamente atualizou a sua criação para que ela pudesse dizer "não".

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