Guerra comercial sino-americana poderia se transformar em breve em guerra cambial, avisa financista

Os EUA poderiam desencadear uma guerra de divisas em "dois ou três anos", quando terminarem a sua guerra comercial com a China, opina o financista Christian Gattiker.
Sputnik

Em uma entrevista ao canal de televisão CNBC, Christian Gattiker, chefe de pesquisa do banco de investimentos Julius Baer, sublinhou que o Fed (banco central dos EUA) está cedendo à pressão da Casa Branca com uma política que poderia moldar o futuro do dólar.

"Eles rodaram 180 graus desde estar em modo de piloto automático de ajuste até reduzir as taxas e flexibilizar a política monetária, por isso creio que existe uma certa forma de pressão", explicou o financista, acrescentando que a situação geopolítica atual está criando novos objetivos para o banco central dos EUA, incluindo a manutenção de um "entorno econômico ordenado".

Neste contexto, o analista considera que "um dólar mais fraco é justificado desde a perspectiva dos EUA", por isso ele prevê que poderia se passar "de uma situação de guerra comercial a uma situação de guerra cambial nos próximos dois ou três anos".

Uma guerra cambial ocorre quando um país desvaloriza deliberadamente sua moeda nacional para estimular sua própria economia.

Vantagens 'injustas'

Donald Trump acusou reiteradamente outros países de manipularem suas moedas para obter vantagens competitivas "injustas".

"China, União Europeia e outros têm manipulado suas divisas e taxas de juro, enquanto os EUA estão aumentando as taxas e o dólar se torna cada vez mais forte a cada dia — reduzindo desta maneira a nossa grande vantagem competitiva. Como de costume, não são condições iguais", escreveu ele na sua conta no Twitter.

Em fevereiro, a ONU advertiu que a escalda de tensões comerciais poderia "levar a guerras cambiais, fazendo com que seja mais difícil pagar a dívida denominada em dólares".

Em 29 de junho, durante a cúpula do G20 no Japão o presidente estadunidense anunciou que os EUA não removeriam as tarifas recentemente aplicadas sobre produtos chineses, mas sublinhou que ele e seu homólogo chinês, Xi Jinping, concordaram em retomar as negociações comerciais.

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