Como sistema de defesa aérea conteve EUA de bombardearem objetivos na União Soviética?

Alguns dos sistemas de defesa antiaérea mais discutidos no mundo são o S-300 e o S-400 de fabricação russa que evoluíram desde os sistemas da época de Segunda Guerra Mundial. Um alto responsável da empresa produtora revela alguns detalhes da história do desenvolvimento dos sistemas russos.
Sputnik

Sergei Druzin, vice-diretor responsável pelo desenvolvimento técnico e científico e primeiro vice-diretor técnico da empresa Almaz-Antei, deu uma entrevista à Sputnik sobre o caminho que percorreu a escola de engenharia de sistemas de defesa antiaérea da União Soviética e da Rússia.

A indústria aeronáutica foi se desenvolvendo ao longo do século XX, o que resultou no aumento da carga útil, da velocidade e do número de aeronaves. Na Segunda Guerra Mundial os aviões de combate desempenharam um dos papeis ofensivos principais, recorda ele.

"Os sistemas de defesa antiaérea elaborados na altura da Primeira Guerra Mundial [...] deixaram de atender às necessidades devido ao aumento, principalmente, da velocidade e da altura de voo das aeronaves", disse o vice-diretor.

Tudo isso levou à necessidade de criar novos meios de neutralização, ou seja, de mísseis, afirmou Sergei Druzin.

Época posterior à segunda guerra mundial

"Depois da Segunda Guerra Mundial [...] os especialistas de instituto cientifico NII-88, que mais tarde foi transformado na corporação de foguetes espaciais Energia, recolheram parte do equipamento e dos avanços técnicos que ficaram no território do nosso país", disse ele.

Além disso, um grupo de engenheiros alemães foi recrutado para trabalhar na Rússia.

Em resultado desse trabalho, em 1947 foi criado o Escritório de Construção Nº 1, que visava elaborar sistemas de defesa antiaérea para proteger as grandes cidades. A questão da defesa antiaérea se tornou muito importante naquela altura, porque os EUA possuíam uma reserva considerável de armas nucleares e tinham planos para bombardear Moscou, revela o vice-diretor.

"É difícil dizer que tarefa era mais importante, criar uma bomba atômica própria ou um sistema de defesa antiaérea. A resolução dessas tarefas conteve o nosso antigo aliado de cumprir seus planos", disse ele.

Primeiros sistemas de defesa aérea soviética

O primeiro sistema de defesa antiaérea foi o S-25, que superava seu análogo americano Nike Ajax. Os S-25 eram capazes de disparar contra 20 alvos em simultâneo, o que era único naquele tempo. Além disso, o sistema tinha um novo equipamento de orientação por radar, revela Sergei Druzin.

"Depois disso, começou a ser iniciada a resolução da complexa tarefa de construir um sistema de defesa antiaérea em torno da capital. No fim de contas, à volta de Moscou foram formados dois anéis de concreto, que asseguravam a comunicação necessária para o funcionamento do sistema S-25", contou o vice-diretor.

Entretanto, o sistema S-25 tinha uma desvantagem, sua falta de mobilidade. Mas surgiram novas soluções técnicas avançadas que permitiram criar um novo sistema móvel. Foi usado um chassi para instalar o radar que continha duas antenas que acompanhavam os alvos e mísseis, uma antena de transmissão de ordens e os transmissores, recordou ele.

Como sistema de defesa aérea conteve EUA de bombardearem objetivos na União Soviética?

Quanto aos S-200, a razão principal de sua elaboração foi aumentar o raio de ação à luz do desenvolvimento da indústria aeronáutica e de mísseis, afirmou ele.

"Esse foi uma tarefa muito complexa, assegurar o funcionamento de um receptor rádio muito sensível quando ao lado dele estaria ligado um emissor poderoso. Essa tarefa foi resolvida com êxito, tal radar foi criado. No final, a última modificação do sistema permitiu a intercepção à distância de 300 quilômetros", disse o vice-diretor.

Novos sistemas de defesa aérea

A elaboração dos sistemas de defesa antiaérea S-300 teve como objetivo garantir a intercepção de um número considerável de alvos aéreos, para isso foi necessário aplicar novos princípios de orientação por radar, revelou Sergei Druzin.

"Era necessário aplicar um radar de varredura eletrônica ativa que fosse capaz de garantir uma transferência imediata do raio [...] Seu princípio de funcionamento consiste em que o mesmo raio deve medir rapidamente as coordenadas de vários alvos, sendo transferido, muito depressa, de um alvo ao outro", disse ele.

Os sistemas S-400 estavam sendo projetados em meio à crise econômica dos anos 90 na Rússia. Naquela época, a indústria de defesa da Rússia sofria de grande falta de pessoal e financiamento. Não obstante, a elaboração dos S-400 continuou, e a primeira divisão de S-400 entrou no serviço em 2007, informou o vice-diretor.

O traço distintivo principal dos S-400 dos sistemas anteriores é sua resistência contra interferências eletrônicas e seu poder de fogo.

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