Dólar dá aos EUA meios 'para intervirem legalmente ou até criminalmente', diz político francês

A União Europeia e a Rússia não precisam de nenhum contrato para realizarem a maioria das transações em euros, disse Thierry Mariani, político francês e deputado do Parlamento Europeu, acrescentando que "tudo o que ponha fim à hegemonia do dólar é uma coisa positiva".
Sputnik

"Sempre me pareceu surreal que grandes países, como os países europeus ou a Rússia, usem sistematicamente o dólar em certas transações. Isto também dá aos americanos uma arma econômica e legal porque eles acreditam que, se sua moeda for amplamente usada, têm o direito de agir", disse o político.

Mariani também afirmou que o dólar está dando aos EUA uma oportunidade legal e até criminosa de interferirem em vários assuntos.

"Um dos principais problemas de hoje é a extraterritorialidade das leis americanas. O uso de sua moeda, em particular, dá aos EUA meios para intervirem legalmente ou até criminalmente em uma ampla série de assuntos. Os bancos franceses pagaram um preço muito alto por isto. Sou daqueles que não compreendem por que razão, face a estas sanções e riscos, a utilização de outras moedas não aumenta. Se este acordo [entre a UE e a Rússia] entrar em vigor, só posso considerá-lo positivo. Mas acho que é uma declaração de intenções, sem qualquer mecanismo concreto", conclui o político francês.

Mariani fez esses comentários em meio a relatos de que a Rússia e a UE concordaram em criar um grupo de trabalho para realizar a transição para o uso do rublo e do euro em transações bilaterais entre os países europeus e Moscou.

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Anteriormente, o ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, anunciou que ele e Maros Sefcovic, vice-presidente da Comissão de Energia da União Europeia, concordaram em criar um grupo de trabalho que fará a transição para o uso do euro e o rublo em pagamentos bilaterais.

Nos últimos tempos, vários países estão tentando se livrar da dependência do dólar norte-americano. "O dólar está perdendo gradual e inevitavelmente sua cota-parte do mercado global. Isso diz respeito não apenas à Rússia, mas a todo o mundo", disse em 6 de junho o ministro russo do Desenvolvimento Econômico, Maksim Oreshkin.

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