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Indústria em queda: crescimento pode retomar índices pré-recessão apenas em 2039

Um estudo divulgado nesta terça-feira (4) mostrou que nos primeiros 4 meses deste ano o setor industrial acumulou uma queda de 2,7% em comparação com o mesmo período de 2018. A Sputnik Brasil conversou com o pesquisador da FGV/IBRE, Marcel Balassiano, sobre as perspectivas de retomada do crescimento brasileiro.
Sputnik

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira (4) um estudo que mostrou uma alta de 0,3% na produção industrial brasileira em abril, mas o índice registra uma queda de 3,9% em comparação com o mesmo período no ano passado, representando o pior resultado para um mês de abril desde 2017.

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O pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE), Marcel Balassiano, em entrevista à Sputnik Brasil, afirmou que estes dados refletem a situação de uma economia em estagnação que o país vive.

"A economia está estagnada, depois de uma forte recessão que o país passou, talvez até a pior recessão da história, com dois anos de crescimento negativo, em 2015 e 2016, e a recuperação está sendo lenta e gradual", argumenta o pesquisador.

Ele destaca que a queda do crescimento da indústria, considerando desde o período pré-recessão até o momento atual, representou um valor de 12%.

"Com essa perda acumulada de 12%, e se considerar o crescimento do ano passado da indústria, que foi um crescimento modesto de 0,6%, a indústria só voltaria aos mesmos níveis pré-recessão daqui a 20 anos. Ou seja, no terceiro trimestre de 2039", destaca o especialista.

Ao ser questionado se outros fatores como a instabilidade política afetam as perspectivas de desempenho da indústria, o Balassiano destacou a importância da reforma da Previdência para solucionar o desequilíbrio fiscal.

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"É um pouco de cada coisa. Há incerteza política hoje, porque o nosso grande problema macro-econômico é o desequilíbrio fiscal, por isso a reforma da Previdência é tão importante e tão discutida. Enquanto não for resolvido esse problema, o país vai ficar à espera disso", explica Marcel Balassiano.

O especialista observou, no entanto, que a reforma da Previdência é "uma condição necessária, mas não suficiente para um crescimento mais robusto do país no futuro". 

"Ou seja, a reforma da Previdência é de suma importância, porque as despesas previdenciárias correspondem a mais da metade das despesas primárias do governo. Já são 5 anos de déficit primário, são 5 anos que o governo gasta mais do que arrecada, com isso a dívida subiu drasticamente [...] então é preciso resolver isso, mas pra parar de piorar. Ou seja, pra dívida não continuar crescendo, mas isso não vai trazer crescimento. Vai fazer com que a dívida se estabilize nesse patamar e no futuro pare de ter déficit", defendeu o pesquisador.

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