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Tensão entre Bolsonaro e Maia: governo mantém narrativa de 'governar elegendo inimigos'

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, fez duras críticas ao governo no último domingo, afirmando que o país está caminhando para o "colapso social". A Sputnik Brasil conversou com o cientista político Rodrigo Prando sobre a tensão envolvendo o governo Bolsonaro e o presidente da Câmara.
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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, em entrevista ao jornal O Globo, na noite do último domingo, afirmou que o governo Bolsonaro "não tem uma agenda formulada" e que o país está "caminhando de forma rápida para o colapso social". 

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O cientista político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Prando, em entrevista à Sputnik Brasil afirmou que a declaração de Maia mostra a dificuldade que o governo Bolsonaro tem de estabelecer diálogo. 

"O governo Bolsonaro construiu uma narrativa, um discurso durante a sua campanha e continuou com essa narrativa depois de eleito. Qual é o cerne deste discurso? É uma tentativa de governar elegendo inimigos. Então o inimigo é a esquerda, o inimigo é o PT, o inimigo é o Lula. Depois o inimigo passou a ser a sociologia, depois a filosofia, os universitários, a velha política, até que tiveram as manifestações e ficou claro que o inimigo é o Rodrigo Maia. 

De acordo com ele, o presidente da Câmara dos deputados é uma pessoa fundamental para a aprovação da reforma da Previdência, por exemplo. 

"Esse estilo de governo do Bolsonaro é um estilo que mantêm tensionadas as relações institucionais o tempo todo. E obviamente que este tentativa de um pacto, de uma trégua pela governabilidade só duraria se tivessem três elementos presentes: uma agenda clara e comunicada à sociedade, liderança para junto com a equipe tocar as pautas dessa agenda, e, em terceiro, confiança", argumentou o especialista. 

Em sua entrevista, Rodrigo Maia afirmou que relação com o presidente da República é "uma relação de diálogo, de construção de uma pauta que tire o Brasil do caminho que está indo, de um colapso social muito forte".

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Para o cientista político Rodrigo Prando, o governo de Jair Bolsonaro tem demonstrado que, na contramão do que afirma o presidente da Câmara busca uma relação de um "constante confronto".

"Os políticos como o Rodrigo Maia reagem, porque são todos tachados de 'velha política', então Bolsonaro se apresenta como alguém da 'nova política', como alguém puro, sem nenhum comprometimento com vícios, e todos que não estão como ele são da 'velha política' […] e uma parcela da população comprou essa visão", completou o especialista.

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