Sem acordo, Netanyahu pode ter de convocar novas eleições em Israel

Israel pode estar se dirigindo para outra eleição antecipada, já que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não conseguiu formar uma coalizão de direita na última tentativa, poucos dias antes do prazo final desta quarta-feira.
Sputnik

Mesmo que Netanyahu tenha conseguido superar a dura competição de centristas para conquistar seu histórico quinto mandato em abril, parece que suas dificuldades estão longe de terminar.

Embora os partidos de direita liderassem as eleições com 66-55 assentos — e quase todos disseram que recomendariam Netanyahu ao presidente Reuven Rivlin para formar o próximo governo de coalizão —, ele ainda precisa uni-los para consolidar seu papel como primeiro-ministro pela quinta vez.

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Para fazer isso, Netanyahu precisa do apoio de cinco forças direitistas, que vão desde grupos de ultra-ortodoxos Shas e Judaísmo da Torá ao antigo partido do ex-ministro da Defesa, Avigdor Lieberman, o Yisrael Beytenu — e até agora provaram ser muito menos prováveis aliados do que eles parecem ser.

O partido nacionalista de Lieberman e os grupos ultra-ortodoxos particularmente se debruçaram sobre o principal obstáculo — um projeto de recrutamento contencioso, que exigiria que os estudantes do seminário judeu ortodoxo servissem nas Forças Armadas — algo que eles sempre resistiram. Em uma tentativa de chegar a um acordo, Netanyahu sugeriu tirar as metas de recrutamento da lei, deixando a questão para o governo decidir.

Embora a ideia aparentemente tenha acertado os partidos ultra-ortodoxos, que aprovaram o compromisso de Netanyahu, ela ainda não conseguiu persuadir Lieberman, que continua a defender categoricamente o recrutamento obrigatório para todos.

No sábado, o ex-ministro da Defesa disse que só entraria para a coalizão se suas exigências sobre a lei de recrutamento fossem atendidas. Ele também criticou Netanyahu dizendo que ser "de direita não é sobre um culto à personalidade, é sobre valores", aparentemente insinuando sua visão sobre o longo governo do primeiro-ministro.

O ultra-ortodoxo Partido Shas então acusou Lieberman de tentar "obstruir o estabelecimento de um governo". Alguns membros do Partido Likud de Netanyahu também compartilharam essa opinião, segundo a mídia israelense. Em face das críticas de seus possíveis aliados, Lieberman disse que seu partido repetidamente afirmou "alto e claro" que eles não "recomendariam a ninguém mais para o primeiro-ministro" além de Netanyahu.

No domingo, Netanyahu anunciou que faria um "último esforço para formar um governo de direita e evitar eleições desnecessárias", enquanto convidava todos os seus potenciais parceiros de coalizão para outra rodada de negociações. Mais tarde, o Likud confirmou que conseguiu chegar a um acordo com os grupos ultra-ortodoxos. Lieberman supostamente recusou-se a participar da reunião e foi o único líder do partido de direita a rejeitar o compromisso da lei de recrutamento de Netanyahu.

Faltando apenas três dias para o prazo de 42 dias previsto por lei para anunciar a expiração de um novo governo, a situação está se tornando cada vez menos clara — e aparentemente instável. O jornal Haaretz informou no domingo que Netanyahu suspeitou de Lieberman de estar tentando provocar novas eleições.

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"Eu não acho que precisamos arrastar o país através de uma eleição adicional, mas parece que há alguém que quer isso", comentou ele no início de uma reunião do gabinete, conforme citado pelo jornal. O veículo informou também que o Likud poderia apresentar um projeto de lei para dissolver o parlamento e anunciar outra votação antecipada nesta quarta-feira, caso não haja acordo.

Enquanto isso, a emissora israelense Arutz Sheva disse que o Likud pediu a todos os parlamentares que votem na dissolução do Parlamento já nesta segunda-feira à tarde, citando uma mensagem supostamente enviada aos membros da facção.

Essa incerteza pode eventualmente jogar nas mãos do principal rival eleitoral de Netanyahu — o líder do partido centrista Azul e Branco, o ex-chefe militar Benny Gantz, que poderia ser encarregado de formar uma coalizão se a direita falhar.

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