Representante de Teerã na ONU nomeia 3 obstáculos à solução do conflito entre Irã e EUA

O representante permanente do Irã na ONU, Majid Takht Ravanchi, disse que o Irã reconhece o interesse dos EUA em dialogar, mas sublinhou que há três grandes obstáculos que tornam impossível no momento uma solução diplomática para a crise atual nas relações entre os dois países.
Sputnik

O enviado iraniano junto à Organização das Nações Unidas (ONU), Majid Takht Ravanchi, publicou um artigo de opinião no jornal americano Washington Post, no qual detalhou as dificuldades enfrentadas por Teerã quando realiza negociações com os EUA.

De acordo com Takht Ravanchi, Trump está sendo levado a um confronto com o Irã por várias pessoas, tanto dentro do governo americano como no Oriente Médio. O representante argumenta que "ao contrário dos pontos de vista de seus colaboradores mais próximos", o presidente Trump não parece querer realmente uma guerra com o Irã.

Entretanto, a política dos EUA em relação ao Irã é inconsistente e controversa, sublinhou o diplomata, acrescentando que os EUA estão indecisos entre ameaças e apelos ao diálogo.

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Takht Ravanchi descreve três grandes obstáculos que impedem o caminho para uma resolução diplomática da atual crise internacional, que parece ter todos os sinais de escalada para uma guerra iminente.

Para o diplomata, primeiro, não se pode esperar sucesso diplomático ao combinar conversações com "intimidação, coerção e sanções".

De acordo com Takht Ravanchi, o diálogo genuíno só é possível "se ambos os lados aceitarem o princípio do respeito mútuo e agirem em pé de igualdade".

Segundo, é impossível falar com Washington considerando que os EUA não atuam como uma "única voz". Enquanto alguns altos representantes americanos estão ansiosos por estabelecer o diálogo, outros estão ativamente "trabalhando para sabotar a possibilidade de um diálogo útil e significativo".

Finalmente, a reputação diplomática dos EUA foi significativamente prejudicada após a súbita retirada de Trump do acordo nuclear iraniano, oficialmente conhecido como Plano de Ação Integral Conjunto (JCPOA), no ano passado. Para o enviado iraniano, Teerã agora não tem a certeza de que qualquer acordo futuro não tenha o mesmo destino.

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Takht Ravanchi reiterou que o Irã decidiu deixar de observar alguns dos compromissos previstos pelo acordo nuclear iraniano porque a UE não conseguiu proporcionar um mecanismo efetivo para proteger o Irã das sanções impostas pelos EUA.

Anteriormente, o presidente Hassan Rouhani enviou uma carta aos países signatários do JCPOA, notificando-os de que Teerã daria às partes do acordo 60 dias para retornar à mesa de negociação e garantir que os interesses do Irã previstos no acordo seriam protegidos.

A tensão entre o Irã e os Estados Unidos aumentou desde maio de 2018, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixar o acordo nuclear iraniano. Em menos de um ano, Washington impôs várias rodadas de sanções contra a república islâmica, visando o sistema financeiro, transporte, forças armadas e outras esferas do país. Além disso, em maio de 2019 Washington enviou navios de guerra e bombardeiros estratégicos B-52 para o Oriente Médio com o objetivo de enviar "uma mensagem clara e inequívoca" a Teerã.

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