Análise: é possível operação militar dos EUA contra Irã através do Iraque?

O Exército dos EUA colocou os seus militares no Iraque em estado de alerta devido às tensões com o Irã. Além disso, os americanos enviaram para o golfo Pérsico um grupo de navios militares liderado pelo porta-aviões USS Abraham Lincoln. Será que Bagdá pode se tornar a principal plataforma para os EUA atacarem o Irã?
Sputnik

Sabah Zangane, especialista em problemas no mundo árabe e ex-embaixador do Irã na Organização para a Cooperação Islâmica, apontou em entrevista à Sputnik Persa que a estrutura social e política do Iraque, bem como o caráter das relações intergovernamentais e entre os povos do Irã e do Iraque não permitirão que Bagdá se torne um trampolim dos EUA para combater Teerã. 

"As relações entre o Irã e o Iraque dificultam o uso do território iraquiano para um ataque militar contra o Irã. O povo iraquiano responderá às pretensões dos americanos de um jeito apropriado. O Irã possui ligações no governo do Iraque, e o povo deste país apoia a República Islâmica. Até mesmo os americanos estão preocupados por tal situação poder ser para eles um obstáculo sério".

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"Não devemos nos esquecer de que no Iraque continuam presentes assessores militares iranianos que ajudam as Forças Armadas do Iraque a lutar contra o Daesh [organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países]. Neste país não há forças que apoiem as intenções dos EUA", acrescentou o analista, apontando que nestes dias um teólogo sunita divulgou uma fatwa que obriga os jovens sunitas a passar a proteger o Irã, caso este venha a lidar com uma ameaça.

Zangane supõe que as ações que os EUA estão empreendendo em relação ao Irã é uma guerra psicológica, já que os americanos não veem necessidade, nem tampouco benefício, em um confronto militar aberto.

"No momento os EUA estão conduzindo uma guerra psicológica contra o Irã. Uma guerra a sério é desvantajosa para os americanos devido a dois motivos. Em primeiro lugar, porque para a eleições presidenciais nos EUA resta um pouco mais de um ano, portanto, iniciar uma guerra agora significa cometer um suicídio político e prejudicar significativamente tanto os EUA, como a comunidade internacional”, apontou o analista.

“Em segundo lugar, os EUA afirmaram repetidamente que pretendem transferir o centro estratégico do Oriente Médio para o Extremo Oriente. Por conseguinte, a criação de mais um conflito no Oriente Médio, no golfo Pérsico, contraria esta estratégia e permitiria que os adversários dos EUA usassem o novo conflito para atingir seus próprios objetivos”, ressaltou Sabah Zangane.

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