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Maia critica 'governo sem agenda' de Bolsonaro e aponta o que deve cair na Reforma da Previdência

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cobrou do governo federal uma agenda clara, alfinetando a falta de direções em vários ministérios da gestão de Jair Bolsonaro, que está completando quatro meses.
Sputnik

Em entrevista concedida à Globonews na noite de quarta-feira, Maia questionou que o Parlamento brasileiro ainda está tentando descobrir o que pretende o presidente Bolsonaro e os seus ministros, já que a impressão em algumas áreas é hoje negativa.

"O governo precisa compreender qual é a agenda dele. Qual é a agenda do governo? Eu pergunto qual é a agenda do governo para a Educação? Eu não sei qual é até o momento. Ninguém sabe. Qual é a agenda do governo nas Relações Internacionais? É um desastre", declarou.

Maia pontuou que o governo também precisa explicar o que seria a chamada "nova política", pois a associação do Congresso Nacional ao termo "velha política" traz apenas desinformação e tensão entre Executivo e Legislativo.

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"É toma lá dá cá quando o Parlamento olha para o governo, mas não é toma lá dá cá quando o governo quer escolher o relator da reforma da Previdência?", questionou o presidente da Câmara. "Quando [a influência] é na Câmara, não tem problema nenhum. Quando é no governo, é velha política?", acrescentou.

Para Maia, é legítimo o direito do governo em influenciar a escolha do relator da reforma, e há interesse em governar junto. Contudo, falta clareza quanto aos projetos e metas que o Palácio do Planalto pretende levar aos deputados.

"O que é velho e o que é novo? Ninguém me explicou ainda o que é novo. Eu sei o que é certo e o que é errado [...]. O DEM tem três políticos nomeados e não faz parte do governo. Por quê? Por que a gente não sabe ainda qual é essa agenda do governo para que a gente possa ter clareza de dizer 'quero fazer parte'", explicou.

O presidente da Câmara ainda revelou o que, em sua opinião, deve cair na proposta de reforma apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Embora tenha evitado fazer projeções quanto ao montante a ser economizado pelos cofres públicos – o governo quer R$ 1,16 bilhão em 10 anos –, Maia vê riscos sérios em alguns temas.

"Capitalização vai ter de explicar muito bem. O custo de capitalização também é muito alto, R$ 400 bilhões em dez anos. Qual modelo é esse? Capitalização pura? Chance zero de passar", avaliou o parlamentar.

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Ele ainda falou sobre a sua relação com Bolsonaro, afirmando que ela é hoje "pior" do que era quando o presidente da República era seu colega na Câmara. "Não é uma boa relação que eu tenho com ele. Mas para mim não é importante", complementou, garantindo que vai trabalhar junto pela Previdência e outras reformas.

"A Previdência vai ser aprovada... Eu não trabalho com esse cenário [de não aprovar Previdência]. Pode não ser a Previdência ideal, mas uma boa Previdência eu sei que o Parlamento vai aprovar", afirmou ele.

Maia ainda defendeu a Câmara quando o assunto envolve o vice-presidente Antônio Hamilton Mourão. O pedido de impeachment do número 2 na linha sucessória, apresentado pelo deputado Marco Feliciano (Podemos-SP), foi arquivado por "não ter base legal".

"O que eu entendi sobre esse caso de hoje é que há um conflito dentro do governo, que é explícito. Não tem ninguém escondendo. E a Câmara não quer participar desse conflito. Eu deixar um pedido de impeachment que não tem base legal parado na minha gaveta pode sinalizar que eu quero fazer parte dessa troca de tiro", destacou.

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