Por que cada vez mais países retiram reservas de ouro dos EUA?

Durante décadas, muitos países guardaram suas reservas de ouro nos EUA. Porém, a situação está mudando. No ano passado vários países, incluindo a Turquia, Alemanha e Holanda, retiraram seu ouro armazenado nos EUA e outros Estados estão considerando a mesma ideia.
Sputnik

A colunista da Sputnik Natalia Dembinskaya revelou que ainda há uma década cerca de 60 países guardavam suas reservas de ouro nos EUA, principalmente para garantir a segurança das suas reservas em caso de uma guerra e para aumentar a liquidez, porque os maiores negócios com ouro são realizados na Bolsa de Mercadorias de Nova York (NYMEX).

Guardar o ouro nos EUA permitia reduzir gastos de transporte, que são muito altos no caso de metais preciosos devido a seguros caros, e os Estados decidem pagar esses custos apenas em uma situação econômica ou política excepcional. O fato de que em 2018 a Turquia, a Alemanha e a Holanda retiraram seu ouro armazenado nos EUA e que a Itália está considerando essa medida significa que essa situação poderia estar chegando.

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Além disso, nos últimos tempos têm aumentando as dúvidas sobre se os EUA guardam o ouro dos outros países adequadamente.

Segundo o Departamento do Tesouro americano, os EUA continuam guardando 261 milhões de onças de ouro. No entanto, pela última vez a auditoria dessas reservas foi realizada nos anos de 1960. Depois disso, todas as tentativas de realizar uma nova inspeção foram bloqueadas pelo Congresso, afirma Dembinskaya.

Há quem suponha que os americanos usam o ouro estrangeiro em seus próprios interesses: alugam-no aos bancos que operam com ele no mercando para controlar o preço do metal precioso.

"Isso levanta uma questão: se Washington está pronto para devolver em qualquer momento o ouro que não pertence aos EUA. Para não arriscar, cada vez mais países retiram o seu ouro", explicou a analista.

A vaga de retiradas começou em 2012, quando a Venezuela decidiu retirar dos EUA todas as 160 toneladas do seu ouro no valor de nove bilhões de dólares. Naquela época, o presidente Hugo Chávez declarou que é necessário fazer regressar os lingotes à Venezuela para não se tornarem reféns e em um meio de pressão de Washington. Essa previsão do presidente venezuelano se tornou realidade em 2018: o Banco da Inglaterra recusou ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, um pedido para entregar 1,2 bilhão de dólares em barras de ouro.

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Em 2014 o Banco Central da Holanda retirou de Nova York 20% das suas reservas de ouro (naquela época 50% das reservas holandesas estavam guardadas nos EUA), argumentando que guardar metade das reservas de ouro no mesmo lugar é imprudente e inadequado. Entretanto, os analistas estão certos: o país continua retirando seu ouro dos EUA para não depender das ações imprevisíveis do presidente dos EUA, Donald Trump.

O Deutsche Bundesbank, banco central da Alemanha, também lançou um programa de retirada do seu ouro dos EUA em 2012. Além disso, em abril de 2018, a Turquia retirou 27,8 toneladas de seu ouro guardado nos EUA.

Segundo Dembinskaya, as razões de refluxo do ouro estrangeiro das caixas-fortes americanas são evidentes: o aumento das taxas de juro nos EUA, a pressão contra euro e outras moedas, o aumento dos riscos geopolíticos e as guerras comerciais desencadeadas por Washington.

Em meio a isso, a economia global está tentando reduzir sua dependência do dólar americano e aposta no ouro como um ativo seguro, e já não o confia aos EUA: Washington, que usa a pressão financeira cada vez mais frequentemente, poderia simplesmente congelar os ativos dos países "indesejáveis" para os EUA.

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