Que riscos enfrentaria Turquia se não ceder à pressão para abandonar acordo de S-400?

Estados Unidos continuam dissuadindo Turquia a não comprar sistemas russos de defesa antiaérea, ameaçando com interrupção da venda de caças F-35 e imposição de sanções. Do outro lado da história, vemos uma Ancara se recusando a mudar de ideia quanto a S-400 russos.
Sputnik

Contextualizando a intenção da Turquia de adquirir sistemas russos S-400, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Robert Palladino, listou na quinta-feira (11) riscos que o aliado turco da OTAN pode vir a enfrentar.

"Penso que nós temos sido bem claros daqui, do Departamento de Defesa, que há riscos associados à aquisição de S-400. Temos falado sobre eles com frequência. Quero dizer, número um, a pendência de uma decisão da Turquia de renunciar inequivocamente à compra de S-400 já ocasionou um impacto imediato de suspensão das entregas e atividades associadas à elevação das capacidades operacionais do F-35", afirmou Palladino a repórteres.

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O porta-voz citou o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, que disse "não vamos ficar parados enquanto os aliados da OTAN compram armas de nossos adversários", para sublinhar que Washington avisou claramente Ancara das consequências.

"Nós avisamos claramente a Turquia de que a potencial aquisição de S-400 resultaria em uma reavaliação do programa F-35. Em terceiro lugar, temos falado muitas vezes que isso também provoca um risco que poderia levar a potenciais ações em conformidade com Ato Contra Adversários da América Através de Sanções [CAATSA, na sigla em inglês]."

Como explica o porta-voz norte-americano, os sistemas antimísseis Patriot também estão em jogo devido à indecisão de Ancara quanto aos sistemas russos. Palladino se esquivou quando perguntado se a posição da Turquia na OTAN poderia ser abalada com a compra de S-400, afirmando simplesmente que "neste momento, não tenho mais nada a dizer".

As palavras do porta-voz Palladino surgem poucos dias depois de o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ter reiterado que a compra de S-400 da Rússia não se discute mais. O ministro do MRE turco, Mevlut Cavusoglu, por sua vez, afirmou no início desta semana ser um absurdo questionar a permanência da Turquia na OTAN pelo acordo de compra de S-400 russos e deixou claro que Ancara não cederia à pressão de Washington.

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"Se os Estados Unidos não nos querem vender sistemas Patriot, então amanhã podemos comprar uma segunda bateria do S-400, e também podemos comprar outros sistemas de defesa antimísseis", reforçou o chanceler turco.

Em desenvolvimento paralelo, os Comitês de Relações Exteriores e de Serviços Armados do Senado dos EUA mais uma vez alertaram sobre sanções iminentes à Turquia e pediram a Ancara que fizesse uma escolha.

"Até fim do ano, a Turquia terá aviões de combate avançados F-35 no seu solo ou um sistema russo de defesa S-400 de mísseis terra-ar. Não terá ambos", escreveram os senadores republicanos Jim Risch e Jim Inhofe, juntamente com os legisladores democratas Bob Menendez e Jack Reed em artigo do The New York Times.

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Washington ameaçou, em diversas ocasiões, introduzir sanções contra Ancara em conformidade com CAATSA, um ato de 2017 que surgiu em resposta à alegada interferência da Rússia nas eleições de 2016 nos EUA, caso Turquia compre sistemas russos S-400. Os EUA já suspenderam o fornecimento de peças de caça F-35 para Ancara.

Há muito que o Pentágono está preocupado com a possibilidade de a Turquia comprar sistemas russos de defesa antiaérea em conjunto com F-35 americanos, por temer que informações sobre a aeronave seja passada para russos.

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