Pobreza, fome e devastação: russos e italianos ajudam moçambicanos após ciclone (FOTOS)

O ciclone Idai atingiu Moçambique em 15 de março, deixando rastro de destruição também em Zimbabué e Malawi, causando milhões de vítimas e provocando inundações. Voluntários russos e italianos se dirigiram ao país africano para ajudar quem precisa.
Sputnik

Conforme dados da Cruz Vermelha, pelo menos 1.000 pessoas morreram em resultado de inundações em Moçambique, provocadas por ciclone, enquanto Beira, que era uma das maiores cidades moçambicanas, está devastada.

Consequências do ciclone Idai em Moçambique

Muitos voluntários viajaram a Moçambique na tentativa de ajudar as vítimas do cataclismo. Entre eles, há a professora de idioma italiano da Academia de Comércio Exterior da Rússia e coordenadora da comunidade italiana de Santo Egídio em Moscou, Svetlana Fain.

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Sendo uma pacificadora internacionalmente reconhecida, a comunidade de Santo Egídio começou a cooperar com o Ministério das Relações Exteriores da Rússia ainda no final dos anos 80 e, até hoje, continua estabelecendo diálogo e paz.

Em entrevista à Sputnik Itália, Svetlana Fain explicou por que decidiu, com colegas italianos, se tornar voluntária na região africana tão afastada da Rússia e da Itália.

"Tinha alguns amigos italianos na comunidade e me tornei voluntária para fazer parte de uma equipe unida, mas, a coisa principal aqui é que fiquei encantada com o que eles fazem em prol de pessoas desconhecidas. Decidi ser voluntária para ajudar as pessoas em situações difíceis."

História da comunidade de Santo Egídio

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Em se tratando da comunidade, Fain indicou que foi criada em Roma em 1968. Em seguida, se estendeu para outros países, incluindo a Rússia. Em Moçambique, a comunidade ganhou notoriedade em 1992, quando foi assinado um tratado de paz que pôs fim à guerra civil, que durou 13 anos e levou milhares de vidas. Na época, a organização italiana desempenhou papel de moderadora para ajudar as partes a encontrarem resolução pacífica do conflito. Além disso, a comunidade é conhecida graças ao programa DREAM dedicado à luta contra várias doenças, como HIV, e fome.

Voluntários da comunidade de Santo Egídio em Moçambique

Destino da voluntária

Fain sempre quis ajudar o continente africano. No entanto, no caso de Moçambique, os voluntários pagam para ir, portanto, quando ela finalmente juntou dinheiro, o sonho se tornou realidade em 2007, primeira vez em que Fain esteve no país.

Dessa vez a ida a Moçambique pareceu fazer muito mais sentido para Fain.

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Moçambique após ciclone Idai

A professora confessa que agora a "situação é trágica". "O ciclone atingiu as regiões centrais de Moçambique, especialmente Beira, a capital da província Sofala — a segunda cidade mais povoada do país". Segundo ela, a "cidade era pobre ainda antes da catástrofe: muitas pessoas moravam em casas de palha e barracos, e foi o ciclone que a devastou quase por completo, 90%".

"Como resultado, muitas pessoas começaram a buscar abrigos em escolas e estabelecimentos públicos que não foram derrubados. Os moradores não têm nada para comer, todas as colheitas foram inundadas pelo ciclone."

Outro problema, sublinha a voluntária, é a água potável contaminada que já provocou muitas doenças na população.

Ao mesmo tempo, Fain conta que se surpreendeu com os conhecidos de comunidade em Beira que "perderam casas, mas continuam trabalhando para ajudar outras pessoas".

"Dois centros do DREAM estão de pé, inclusive o centro de alimentação, que está recebendo centenas de crianças pobres e mães com bebês para alimentá-las. Apesar de danificações, os centros continuam operando", adiciona.

Centro do DREAM - projeto da comunidade de Santo Egídio em Moçambique

As instalações danificadas pelo ciclone estão, pouco a pouco, sendo reestabelecidas, diz Fain. Em particular, ela comunicou que os aeroportos já entraram em operação. Assim, a ligação com o mundo exterior se reestabelece, aponta, adicionando que "ficamos mais de uma semana separados do mundo sem poder saber notícias".

"Além disso, os moradores ficaram sem eletricidade, mas, agora, a rede elétrica foi felizmente restaurada."

A coordenadora aceita com tristeza que a restauração completa vá levar meses ou até anos, e reforça que não deixará de pensar com carinho e prestar ajuda a todos os moçambicanos.

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