Rússia não quer censurar a internet com nova lei, mas sim se proteger, diz premiê russo

A Rússia não está tentando erguer um "grande firewall" ao estilo chinês com uma nova legislação sobre a "internet soberana" ou de outra forma regulamentar a web, garantiu o primeiro-ministro russo Dmitry Medvedev.
Sputnik

O projeto, apresentado à Câmara Baixa do Parlamento russo (Duma) em dezembro, prevê um conjunto de medidas para permitir que o 'Runet' — a parte russa da internet — opere autonomamente no caso de um desligamento global da web ou um corte de endereços IP da Rússia.

A legislação estimulou especulações de que o governo russo estava procurando regulamentar e censurar a web — ou até mesmo criar uma versão interna própria da internet. Tais medos não são substanciados e o objetivo do projeto é totalmente diferente, comentou Medvedev na sexta-feira, enquanto falava com os usuários da rede social Vkontakte.

"Certamente, não teremos regulamentos ao estilo chinês. E eu vou lhe dizer mais, mesmo na China, essa regulamentação nem sempre produz os resultados para os quais foi projetada", pontuou Medvedev. "Além disso, nem estamos buscando regulamentação. Nenhum firewall surgirá aqui".

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O cenário ideal para a regulamentação da internet é ter um tipo de mecanismo internacional, acredita Medvedev, mas o surgimento de tal sistema — ou uma convenção, pelo menos — parece pertencer ao futuro.

"A esmagadora maioria das chaves para regular [a internet] está localizada em um único país — os Estados Unidos da América", afirmou Medvedev. "A tecnologia, que se tornou universal, usada por bilhões de pessoas, é amplamente regulada por um único país. Isso não é muito bom, na verdade".

A legislação foi inicialmente redigida em resposta a uma nova estratégia cibernética dos EUA que acusa a Rússia, juntamente com a China, o Irã e a Coreia do Norte, de usar a web para "minar" sua "democracia" e economia. A estratégia também ameaça uma forte resposta contra aqueles que ousam conduzir atividades cibernéticas contra os EUA.

"Devemos proteger nossos interesses, não nos desligarmos de nada, mas nos impedir de sermos cortados. Isso é bem possível", afirmou o primeiro-ministro.

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