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2 meses de Brumadinho: rio morto, muitos desaparecidos e impasse nas indenizações

O rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG) completa dois meses nesta segunda-feira (25) e a população ainda calcula os prejuízos materiais e humanos com a tragédia. A Sputnik conversou com o Movimento dos Atingidos por Barragens e com o Corpo de Bombeiros de MG sobre os impactos que a região ainda sente após a tragédia.
Sputnik

A tragédia do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho, Minas Gerais completa dois meses nesta segunda-feira e traz como balanço da Defesa Civil de Minas Gerais a confirmação até agora da morte de 214 pessoas e outras 93 ainda desaparecidas no mar de lama que atingiu as comunidades de Brumadinho, destruindo casas, uma pousada e propriedades rurais, além de contaminar o Rio Paraopeba, um dos afluentes do Rio São Francisco.

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Além disso, cerca de mil pessoas que moram próximas a barragens da Vale estão fora de suas casas, não apenas em Brumadinho, mas também nos municípios mineiros de Barão de Cocais, Nova Lima, Ouro Preto e Rio Preto.

Em entrevista à Sputnik Brasil, o Integrante da Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Joceli Andrioli, falou sobre as condições dos atingidos após 2 meses da tragédia. 

"É fundamental denunciarmos que depois de 2 meses ainda nem sequer as questões emergenciais foram atendidas nos vários casos de crime que a Vale vem cometendo em Minas Gerais. Em primeiro lugar, tem a dor das famílias de pessoas ainda não encontradas que ainda estão debaixo da lama", destacou Andrioli. 

"A segunda questão é a das indenizações. Está muito lento o processo. Foi garantida uma indenização emergencial para 12 meses a todas as pessoas de Brumadinho, e também para o raio de 1 quilômetro em torno de cada lado do Rio Paraopeba. No entanto, a empresa apresenta uma lentidão extraordinária. Além de tentar interferir em toda a negociação, tentando protelar as coisas, construindo estratégias para ter acesso direto às pessoas, que é o que conseguiu na Bacia do Rio Doce", afirmou o integrande do MAB. 

"É um crime que se desenvolve diariamente na vida das pessoas", destacou Joceli Andrioli.  

O tenente e porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, Pedro Aihara, por sua vez, informou à Sputnik Brasil que a operação atualmente conta com 23 frentes de trabalho na busca pelos corpos desaparecidos. 

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"Nesse momento a gente está com 23 frentes de trabalho. Como elas acontecem de maneira simultânea, elas são distribuídas ao longo de toda a mancha da inundação", declarou. 

De acordo com ele, desde o começo das operações não houve um dia sequer que não tenha sido encontrado algum vestígio que possa ajudar na identificação dos corpos. 

"Todos os dias desde o primeiro de operações temos feito localizações. Nao houve até o momento nenhum dia que não localizamos um corpo ou um segmento corpóreo. Esse material é passado para a Polícia Civil para aplicar o método de identificação", informou, acrescentando que não há previsão de término da operação. 

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