Com medo da 'ameaça russa', premiê da Lituânia cogita mudar embaixada para Jerusalém

O primeiro-ministro da Lituânia, Saulius Skvernelis, disse nesta terça-feira que consideraria a mudança da embaixada do país em Israel de Tel Aviv para a cidade disputada de Jerusalém, caso ele ganhe as eleições presidenciais de maio.
Sputnik

Skvernelis afirmou que a mudança da missão poderia levar a laços mais estreitos com Israel e os Estados Unidos, que a Lituânia considera um amortecedor de segurança chave contra a Rússia.

A transferência da embaixada "pode trazer um novo ímpeto para as relações com Israel, tanto nas áreas de segurança e comércio", declarou Skvernelis a repórteres ao chegar à campanha presidencial para delinear suas prioridades de política externa.

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"Nós também enviaríamos um sinal de que os Estados Unidos são nosso parceiro não apenas em palavras, mas também em questões amargas em discussão", acrescentou.

A decisão do presidente Donald Trump de transferir a embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém rompeu décadas de consenso internacional de que o status controverso da cidade deveria ser resolvido como parte de um acordo de paz entre Israel e os palestinos, que também a afirmam como a capital do seu futuro estado.

Políticos seniores dos países da União Europeia (UE), República Tcheca e Romênia, disseram que também estão pensando em mudar suas embaixadas para Jerusalém, mas nenhuma decisão foi tomada até agora.

A UE como um todo mantém a posição de que o status de Jerusalém deve ser negociado por Israel e pelos palestinos.

Israel ocupou Jerusalém a leste na Guerra dos Seis Dias de 1967 e depois anexou-a em um movimento nunca reconhecido pela comunidade internacional.

Skvernelis insistiu nesta terça-feira que sua nação "não deve ter medo de diferir dos Estados vizinhos", dizendo que ligações culturais e de segurança fizeram de Israel um dos aliados mais próximos da Lituânia.

O legado do Holocausto e o estreito alinhamento com os EUA estão entre as razões pelas quais a Lituânia se tornou uma das amigas mais próximas de Israel na UE na última década.

A presidente prestes a deixar o cargo, Dalia Grybauskaite, que após dois mandatos consecutivos não está disputando a reeleição, "não quis comentar sobre os programas eleitorais", disse sua porta-voz.

A ministra de Relações Exteriores, Linas Linkevicius, destacou nesta terça-feira que as observações de Skvernelis não marcaram nenhuma mudança na política oficial da Lituânia porque "ele estava falando como candidato presidencial, e não como primeiro-ministro".

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"A posição oficial lituana não mudou: o status de Jerusalém deve ser resolvido por meio de negociações e ambos os lados devem se abster de ações e decisões unilaterais", disse a ministro à Agência AFP.

Por lei, transferir a embaixada exigiria a aprovação do governo e do presidente.

A Lituânia vai realizar uma eleição presidencial de duas voltas em 12 e 26 de maio.

Em pesquisas de opinião recentes, Skvernelis estava atrás do economista independente Gitanas Nauseda e da ex-ministra conservadora Ingrida Simonyte.

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