Análise: França tenta conter China na África, mas é tarde demais

Presidente francês Emmanuel Macron está fazendo uma série de visitas a Djibuti, Etiópia e Quênia, mas será que a França é capaz de competir com as capacidades e a reputação que a China já conseguiu nessa região? A agência Sputnik apresenta as opiniões de especialistas e tenta analisar as perspectivas de concorrência entre os dois países.
Sputnik

Desde 11 de março o presidente francês Emmanuel Macron tem tido um programa ativo: visitas à antiga colônia francesa de Djibuti na terça-feira, à Etiópia e ao Quênia. Na França notam que Emmanuel Macron se tornou o segundo chefe de Estado a visitar Djibuti em 20 anos, e entre os políticos franceses está sendo discutida a crescente necessidade de reforçar a presença econômica, cultural e militar nesta região.

Entretanto a França enfrenta a concorrência da China no Djibuti, um país que há muito tempo considerava como território conquistado e em que a França pouco investiu. Wang Yiwei, professor da Universidade Popular da China, aponta o papel inestimável da China para superar o passado colonial do Djibuti.

"Djibuti é uma antiga colónia francesa. Em 1844, aí foi construído um porto para os navios militares franceses. Até hoje ainda é um dos países mais pobres do mundo, com uma esperança média de vida de 39 anos. Será que tudo isto não tem que ver com o domínio francês?", disse à Sputnik China Wang Yiwei.

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O especialista observa que a China não só deu ao Djibuti uma zona de desenvolvimento, uma zona de comércio livre, como também construiu uma ferrovia que o liga à Etiópia. Tudo isto melhorou a imagem internacional do Djibuti. Segundo ele, a influência da China neste país é um fato objetivo, e a chave para o crescimento desta influência é que todos devem ver o quanto beneficia a população local.

A China tirou vantagem da perda de competitividade da França e abriu a sua primeira base de apoio logístico exterior perto da base militar francesa e americana no Djibuti. A China também modernizou a ferrovia do Quênia para Djibuti através da Etiópia, que foi construída no tempo do colonialismo francês.

Se analisarmos os processos econômicos, o capital chinês hoje tem sucesso na costa do Djibuti, onde moderniza-se um porto com participação chinês, desenvolvem-se o negócios e turismo. O dinheiro chinês é usado para criar um moderno centro logístico e de transportes no Corno de África e na África Oriental, com saída para o Oceano Índico.

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Também deve se destacar outro facto: no início de janeiro deste ano o ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi, visitou a Etiópia, onde está agora o presidente da França. Antes disso ele esteve lá no verão de 2017.

Em maio de 2018, o presidente do Congresso Nacional do Povo da China, Li Zhanshu, fez uma visita oficial ao país. Neste período de atividade diplomática da China ocorreu o estabelecimento da base chinesa no Djibuti e a entrada em serviço da ferrovia entre Djibuti e Adis Abeba.

A mídia francesa, comentando a visita do presidente Macron à Etiópia, observa que ele e o presidente etíope, Sahle-Work Zewde, apenas visitarão um templo único existente na cidade de Lalibela, no norte do país. Onze igrejas de Lalibela foram inscritas na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO em 1978.

O monumento está em um estado deplorável, muitos edifícios podem desmoronar a qualquer momento em caso de fortes rajadas de vento. Os moradores esperam que a chegada dos ilustres convidados "resulte em um novo plano, dinheiro e experiência para a restauração do complexo".

"Isto não é o início de uma nova grande ofensiva francesa, mas apenas uma visita de protocolo e de rotina", disse em entrevista à Sputnik Nikolai Shcherbakov, especialista do Centro de Estudos Africanos da Academia de Ciências da Rússia.

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"Acho que para os franceses é impossível competir com a China nesta situação. Eles não serão capazes de competir com as capacidades e a reputação que a China já tem na região. A China lançou lá projetos de grande escala, construiu uma base militar no Djibuti e estabeleceu fortes relações com a Etiópia e o Quênia", disse Shcherbakov.

A atenção da China em relação à parte ocidental do continente aumentou muito desde a visita do líder chinês Xi Jinping no verão de 2018. A viagem de Wang Yi ao Senegal em janeiro deste ano também pode reforçar os planos da China para aumentar sua influência tanto na "África francesa" como nas costas dos oceanos Índico e Atlântico.

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