Sputnik revelou a história desses mísseis que poderiam ter mudado o rumo da história.
O R-12 a combustível líquido foi baseado no míssil R-5M, que entrou no serviço das Forças Armadas soviéticas em 1955 e que é considerado o primeiro míssil soviético de médio alcance. Entretanto, o abastecimento e preparação para o lançamento do R-5M levava várias horas – era um dos pontos fracos desse míssil.
O R-12 era um míssil mais avançado de um estágio com uma ogiva simples separável e com motores a jato de quatro câmaras. Com uma ogiva de potência 2,3 megatons e uma margem de erro circular de cinco quilômetros, o míssil era capaz de atingir alvos não protegidos com uma área de até 100 quilômetros quadrados.
Argumento da Guerra Fria
O R-12 poderia ter tido seu batismo de fogo em Cuba. No âmbito da operação secreta Anadyr, a União Soviética planejava enviar e instalar secretamente em Cuba unidades militares, 24 lançadores de mísseis e 36 mísseis R-12, bem como 16 lançadores e 25 mísseis R-14. O potencial nuclear das forças instaladas atingiria 70 megatons em um lançamento.
Em 9 de setembro de 1962, ao porto cubano de Cacilda chegaram os seis primeiros R-12 e em 15 de setembro mais oito mísseis. Em 4 de outubro, no porto de Mariel atracou o navio mercante Indigirka que transportava 160 ogivas nucleares, incluindo 60 ogivas para mísseis R-12 e R-14, 12 ogivas para mísseis Luna e 80 ogivas para mísseis de cruzeiro. Além disso, o navio transportava seis bombas aéreas e quatro minas navais. No total, a 51ª divisão de mísseis (divisão criada para instalar mísseis em Cuba) recebeu 36 mísseis R-12 e seis falsos R-12, 36 ogivas com cargas nucleares para os R-12 e 24 ogivas com cargas nucleares para os R-14.
Em 14 de outubro, durante o primeiro voo de vigilância dos EUA sobre Cuba, um avião americano U-2 fotografou as posições dos mísseis balísticos. A análise revelou que o esquema de posicionamento das plataformas de lançamento e dos sistemas de manutenção era igual ao usado na União Soviética. O oficial soviético Oleg Penkovsky, que colaborava com as inteligências dos EUA e do Reino Unido, ajudou Washington a identificar os mísseis, tendo antes entregue um catálogo secreto com fotos dos principais mísseis soviéticos. Dois dias depois, o então presidente dos EUA John Kennedy foi informado sobre os mísseis soviéticos instalados em Cuba, o que marcou o início da Crise do Caribe.
Ao instalar os R-12 em Cuba, a União Soviética atingiu quase todos os seus objetivos militares e políticos definidos para aquela época. Em troca da retirada dos mísseis, os EUA iniciaram as negociações sobre o desarmamento das bases próximas das fronteiras soviéticas. Como resultado, até ao final de 1963 os americanos retiraram todos os mísseis Thor e Jupiter da Europa Ocidental e Turquia. Além disso, a Casa Branca anunciou publicamente a rejeição dos planos para derrubar militarmente o governo de Castro em Cuba, o que aumentou em muito o prestígio internacional da União Soviética.
A partir de 1976, os mísseis R-12 e R-12U começaram a ser substituídos gradualmente por sistemas de mísseis Pioner. De acordo com o Tratado INF, assinado em 1987 pela então União Soviética e pelos Estados Unidos, todos os mísseis R-12 deveriam ser destruídos, o que aconteceu pouco depois de 1989.