Do que é capaz a moderna Marinha iraniana?

Apesar das sanções e da pressão internacional, nos últimos anos o Irã conseguiu reforçar sua Marinha e até mesmo apresentou recentemente seu novo submarino de fabricação nacional. A Sputnik analisou o estado atual da Marinha iraniana.
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Frota submarina

Recentemente o Irã apresentou o Fateh, seu novo submarino de fabricação nacional equipado com mísseis de cruzeiro e torpedos antinavio. Segundo os militares, o submarino, com 600 toneladas de deslocamento, está equipado com as armas mais avançadas que podem ser disparadas tanto de posição submersa, como desde a superfície do mar.

Fateh, novo submarino de fabricação iraniana (foto de arquivo)

O submarino é capaz de operar a uma profundidade de até 200 metros e pode navegar de modo autônomo durante períodos até um mês.

A frota submarina do Irã não é grande e se baseia nos minissubmarinos da classe Ghadir, de desenvolvimento e fabricação nacional. A Marinha do Irã tem cerca de 20 submarinos desse tipo. Embora o submarino seja difícil de localizar com equipamentos de detenção, a dimensão pequena (cerca de 30 metros de comprimento) torna bastante limitada sua capacidade de ataque. Os Ghadir são destinados para realizar recolha de inteligência, colocar minas e deslocar subunidades especiais de fuzileiros navais.

Submarino iraniano da classe Ghadir (foto de arquivo)

Os minissubmarinos também são usados pela Takavaran, uma unidade especial da Marinha iraniana, que recolhe informações sobre agrupamentos navais no golfo Pérsico e, se necessário, pode realizar operações de sabotagem em bases navais do inimigo, libertar reféns ou destruir uma plataforma de perfuração. Além disso, a unidade está envolvida no combate à pirataria no golfo de Áden.

Irã revela novo Fateh, submarino fabricado em solo nacional (VÍDEO)
A Marinha do Irã conta também com três submarinos do projeto 877EKM Paltus, de produção russa, recebidos nos anos 1990. O contrato previa o fornecimento de seis submarinos, mas sob pressão de Washington Moscou congelou o acordo. Esperava-se que o golfo de Omã e a parte norte do oceano Índico se tornassem a zona principal das atividades dos submarinos iranianos. Mas, devido às sanções, o Irã experimenta dificuldades com a compra de peças de reposição necessárias para a manutenção dos submarinos.

Componente de superfície da Marinha

A maior parte da componente de superfície da Marinha do Irã é representada por pequenas lanchas lança-mísseis (cerca de 30 navios). Durante a guerra Irã-Iraque, que decorreu entre 1980 e 1988, os marinheiros iranianos assimilaram bem a estratégia de uso maciço de pequenas lanchas de mísseis, que atacavam em granes grupos comboios de navios de transporte e plataformas petrolíferas do inimigo.

Além disso, o Irã dispõe também de navios maiores. As fragatas da classe Alvand, compradas do Reino Unido, foram construídas nos anos 1970. A Marinha iraniana tem em seu serviço três navios desse tipo, usados sobretudo para patrulhar as águas territoriais iranianas. Uma das Alvand foi afundada pela Marinha dos EUA em 1988 durante a chamada "Guerra dos navios petroleiros", durante o conflito Irã-Iraque.

Fragata iraniana Alvand durante uma missão

Outro navio da Marinha do Irã é o destróier Sahand, construído pelos especialistas iranianos e incorporado na Marinha em dezembro de 2018. Baseando-se nos navios britânicos, o destróier desse projeto tem muito melhor capacidade de manobra, melhor velocidade, bem como está equipado com armamentos mais potentes. O novo destróier tem lançadores de torpedos, de mísseis, artilharia e armas antissubmarino.

"Os iranianos estão construindo sua Marinha com especial incidência nas atividades em águas costeiras. Eles têm uma forte defesa costeira com sistemas de mísseis, minissubmarinos e lanchas de mísseis. Em caso de conflito, os iranianos não serão capazes de vencer, mas vão tentar provocar os maiores danos possíveis às forças do inimigo ou bloquear temporariamente o estreito de Ormuz", partilhou com a Sputnik o analista militar Yuri Lyamin.

Inimigos eternos

Durante reinado do xá Mohammad Reza Pahlavi, o governo iraniano planejava criar uma forte Marinha oceânica. Em particular, Teerã planejava comprar vários submarinos americanos, as tripulações estavam sendo preparadas em estabelecimentos de ensino nos EUA. Mas a Revolução Islâmica de 1979 destruiu esses planos.

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O presidente do Instituto de Estudos do Oriente Médio russo, Evgeny Satanovsky, o Irã moderno é uma forte potência militar.

"O país está desenvolvendo simultaneamente seus programas espacial e nuclear, dispõe de uma produção militar de alta tecnologia […] O Irã tem uma metalurgia magnífica, está desenvolvendo as novas tecnologias", sublinhou o especialista.

Contudo, segundo Satanovsky, a Marinha iraniana ainda não conseguiria enfrentar com sucesso outras marinhas mais fortes, nem mesmo a israelense.

"Os submarinos iranianos visam, em primeiro lugar, combater os submarinos israelenses modernos, equipados com mísseis de cruzeiro capazes de transportas ogivas nucleares. Mas os marinheiros israelenses têm mais possibilidades e experiência de atuar no oceano global. O Irã precisa equilibrar a situação, o que eles estão tentando fazer. O novo submarino Fateh é um passo nesse sentido", explicou o analista.

Segundo ele, outro potencial adversário marítimo do Irã é a Arábia Saudita. Embora a Marinha saudita supere a iraniana no que se refere à base material, eles ainda não conseguiram dominar os equipamentos. "Nesse sentido, o novo submarino iraniano pode se tornar um instrumento sério em caso de agravamento das relações com a Arábia Saudita", concluiu o especialista.

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