Merkel: Esforços pelo desarmamento devem incluir EUA, Rússia, UE e China

A declaração da chanceler alemã ocorre em meio a um impasse entre Moscou e Washington, depois que os EUA anunciaram a suspensão do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF).
Sputnik

"O desarmamento é algo que preocupa a todos nós e é claro que ficaríamos felizes se essas conversas fossem realizadas não apenas entre os Estados Unidos, Europa e Rússia, mas também com a China", afirmou Angela Merkel na Conferência de Segurança de Munique, no sábado.

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Comentando o assunto, o Ministro da Economia e Energia da Alemanha, Peter Altmaier, observou que o término do acordo poderia levar a uma nova corrida armamentista.

No início de fevereiro, Washington disse que estava suspendendo as obrigações previstas sob o Tratado INF. A Rússia respondeu da mesma maneira. Os EUA disseram que sairiam do tratado em seis meses, a menos que a Rússia voltasse a cumprir o acordo, mas Moscou refuta as alegações de violação do.

Washington também se mostrou favorável a um novo texto envolvendo todos os países com tecnologia de produção de mísseis de médio alcance, incluindo a China.

OTAN é "âncora da estabilidade" na Europa

A chefe do governo alemão sublinhou a importância da OTAN, salientando que não é apenas uma aliança militar, mas também uma "comunidade de valores partilhados", como os direitos humanos e a democracia.

"Nós conversamos na época se ainda precisamos da OTAN hoje. E sim, precisamos da OTAN como uma âncora de estabilidade no mar tempestuoso", disse Merkel.

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Em novembro passado, o presidente francês Emmanuel Macron pediu o estabelecimento de um exército europeu que "protegesse" a união da China, Rússia e até dos Estados Unidos.

Merkel rapidamente aceitou a ideia, acrescentando que "os tempos em que poderíamos confiar uns nos outros acabaram". No entanto, ela ressaltou que um futuro exército da UE complementaria a OTAN e de forma alguma questionaria os laços europeus com a aliança.

Trânsito de Gás na Europa

A chanceler alemã também abordou a questão do trânsito de gás, observando que a UE não deve interromper o comércio com Moscou por causa de algumas razões políticas, mas também salienta que a Ucrânia deve permanecer país de trânsito de gás da Rússia.

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A declaração de Merkel acontece poucos dias depois de o Conselho da União Europeia e o Parlamento Europeu terem chegado a um acordo sobre as emendas à diretriz de gás da UE, tratando de seções marítimas de gasodutos e, portanto, o projeto Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2) da Rússia.

O Nord Stream 2 é uma joint venture entre a empresa russa Gazprom, a Engie da França, a OMV da Áustria, a empresa anglo-holandesa Royal Dutch Shell e as empresas alemãs Uniper e Wintershall. O objetivo é fornecer 55 bilhões de metros cúbicos de gás natural russo por ano à União Europeia via Mar Báltico, ignorando a Ucrânia.

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