60% das espécies de café do mundo estão ameaçadas, diz pesquisa

Três em cada cinco espécies de café silvestre estão em risco de extinção já que uma mistura letal de mudanças climáticas, doenças e desmatamento coloca em risco o futuro da bebida favorita do mundo, alertou uma nova pesquisa publicada nesta quarta-feira (16).
Sputnik

Mais de dois bilhões de xícaras de café são consumidas todos os dias, mas a indústria multibilionária depende de variedades silvestres cultivadas em poucas regiões para manter a variedade comercial das culturas e se adaptar às mudanças causadas por pragas.

Cientistas do Jardim Botânico Real de Kew, na Grã-Bretanha, usaram as mais recentes técnicas de modelagem por computador e pesquisas locais para prever como as 124 variedades de café listadas como ameaçadas podem se comportar enquanto o planeta continua aquecendo e os ecossistemas são dizimados.

Cerca de 75 espécies de café foram avaliadas como ameaçadas de extinção: 13 classificadas como criticamente ameaçadas, 40 como ameaçadas de extinção e 22 como vulneráveis.

"No geral, o fato do risco de extinção em todas as espécies de café ser tão alto — quase 60% — está bem acima dos valores normais de risco de extinção das plantas", disse à AFP Aaron Davis, chefe de pesquisa de café do Jardim Botânico Real de Kew. "Não é surpreendente porque muitas espécies são difíceis de encontrar, crescem em áreas restritas… algumas têm uma população apenas do tamanho de um campo de futebol."

A produção global de café atualmente conta com apenas duas espécies: arábica e robusta.

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O arábica, valorizado por sua acidez e sabor, responde por cerca de 60% de todo o café vendido no mundo. Existe na natureza em apenas dois países: Etiópia e Sudão do Sul.

A equipe do Kew acessou dados climáticos registrados na Etiópia com mais de 40 anos para medir a rapidez com que o habitat natural do café estava sendo corroído pelo desmatamento e pelo aumento das temperaturas.

Eles descobriram que quase um terço de todas as espécies selvagens de arábica eram cultivadas fora de áreas de conservação.

"Você também tem o fato de que muitas dessas áreas protegidas ainda estão sob ameaça de desmatamento e invasão, por isso não significa que elas estejam seguras", disse Davis, principal autor da pesquisa publicada na revista Science Advances.

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