Maduro rebate críticos e diz que seu novo mandato na Venezuela é legítimo

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, defendeu a legitimidade de seu governo neste domingo, enquanto sua candidatura para um segundo mandato de seis anos está sob crescente pressão internacional e pela Assembleia Nacional controlada pela oposição do país.
Sputnik

Em outro sinal de turbulência em torno de Maduro, que deve ser empossado na próxima quinta-feira, a Suprema Corte da Venezuela confirmou que um juiz que participou de um painel que lida com questões eleitorais fugiu do condado.

A notícia da deserção de Christian Zerpa aconteceu um dia depois que a Assembleia Nacional, controlada pela oposição, declarou que a presidência de Maduro era ilegítima e pediu um governo de transição para organizar eleições democráticas.

Respondendo no Twitter, Maduro declarou: "A legitimidade nos foi dada pelo povo com o seu voto. Para aqueles que esperam quebrar a nossa vontade, não se enganem. A Venezuela será respeitada!"

Maduro foi reeleito em 20 de maio nas eleições presidenciais convocadas por uma Assembleia Constituinte paralela, apoiada pelo regime e boicotada pela oposição, nas quais muitos dos líderes mais conhecidos estavam sob prisão domiciliar ou impedidos de concorrer.

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Os Estados Unidos, a União Europeia e um grupo de países do hemisfério ocidental chamado de Grupo de Lima se recusaram a reconhecer a eleição.

Na sexta-feira, o Canadá e 12 outros países do Grupo de Lima se uniram para pedir a Maduro que renunciasse e abrisse o caminho para um governo de transição formado por líderes da Assembleia Nacional.

O Departamento de Estado dos EUA divulgou um comunicado no sábado dizendo que os Estados Unidos estão com a Assembleia Nacional como "a única instituição legítima e última remanescente democraticamente eleita que realmente representa a vontade do povo venezuelano".

No domingo, o Ministério de Relações Exteriores venezuelano acusou Washington de tentar "consumar um golpe de Estado [...] na promoção do repúdio de instituições legítimas e democráticas".

Alegações de assédio

A Suprema Corte, entretanto, disse que abriu uma investigação sobre Zerpa, devido a alegações de que ele assediava sexualmente mulheres que trabalhavam em seu escritório. A Corte disse que a investigação remonta a novembro de 2018, mas só foi tornada pública após os relatos de que a justiça havia fugido para a Flórida.

Jornalistas venezuelanos baseados nos Estados Unidos ligaram a deserção à polêmica tentativa de Maduro de permanecer no cargo por mais seis anos.

A jornalista Carla Angola, que afirmou ter entrevistado Zerpa, informou que ele estava na Flórida e estava preparado para cooperar com os promotores dos EUA investigando a corrupção venezuelana e as violações dos direitos humanos.

O presidente da Suprema Corte, Maikel Moreno, declarou que Zerpa foi alvo de inúmeras denúncias de "conduta indecorosa e imoral em detrimento de um grupo de mulheres".

O comunicado da Suprema Corte afirmou que ele estava sendo investigado por "assédio sexual, atos lascivos e violência psicológica" contra as mulheres em seu escritório.

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Moreno negou que o caso expõe divisões dentro do tribunal, que agiu consistentemente de acordo com o governo.

"Longe de nos separar, nos une", disse ele.

Zerpa era membro do Partido Socialista Unido (PSUV) e foi nomeado para o Supremo Tribunal em 2015, dias antes de a oposição assumir a maioria na Assembleia Nacional.

Ele estava entre um grupo de autoridades venezuelanas atingidas com sanções financeiras pelo Canadá, enquanto Ottawa se movia para pressionar o governo de Maduro.

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