Tweet enigmático de secretário do Tesouro dos EUA desperta temor no mercado acionário

Na pior queda da véspera de Natal na história do mercado acionário dos EUA, comentários estranhos e confusos do secretário do Tesouro dos EUA, Steve Mnuchin despertaram temor em economistas.
Sputnik

A mensagem de Mnuchin foi interpretada como uma tentativa de amenizar os temores de uma quebra no mercado de ações. O secretário, cujo departamento é diretamente afetado pela paralisação que atinge o orçamento dos EUA desde o fim de semana, disse ter mantido contato com seis grandes empresas financeiras dos EUA, incluindo a JP Morgan Chase, o Bank of America, o Goldman Sachs, o Morgan Stanley, o Wells Fargo e o Citigroup. 

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De acordo com o tweet do Departamento do Tesouro, os seis executivos do banco asseguraram-lhe que "eles têm ampla liquidez disponível para emprestar ao consumidor, ao mercados executivo e a todas as outras operações de mercado".

"[Os seis bancos] não experimentaram nenhum problema de compensação ou margem e […] os mercados continuam a funcionar adequadamente", acrescentou Mnuchin.

Como observado por especialistas, no entanto, ninguém havia expressado qualquer dúvida sobre a liquidez dos bancos. Os comentários de Mnuchin acabaram portanto tendo resultado oposto: uma onda de dumping de ações (a venda de ativos por valores inferiores aos reais), com o mercado projetando conclusões precipitadas com base no tweet enigmático.

"Os mercados já estão nervosos o suficiente. É como mandar uma mensagem dizendo que nossos escudos espaciais podem interceptar asteróides que chegam. Eu não sabia que havia algum vindo em nossa direção", observou o economista-chefe do ex-vice-presidente americano Joe Biden, Jared Bernstein, em entrevista ao jornal The Washington Post.

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Os executivos citados pelo secretário refutaram vocalmente os comentários inflamados de Mnuchin, de acordo com a ABC News.

"Mnuchin levantou um medo que realmente não é uma questão atual", apontou Timothy Duy — autor do influente blog do Fed Watch e professor de Economia da Universidade do Oregon, acrescentando: "Ao fazê-lo, [ele] cria a percepção de que sabe de um problema que ninguém mais sabe (…). Esse tipo de coisa pode precipitar uma crise financeira porque, temendo o desconhecido, os agentes do mercado deixam de comprar qualquer coisa e as instituições financeiras param de emprestar uns aos outros".

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